Há quem arrende metade da sua cama por 900 dólares em Toronto. Eis o fenómeno Hot Bedding

O desespero no mercado de arrendamento em Toronto está a levar a que haja pessoas a arrendar metades de camas.

O mercado de arrendamento em Toronto atingiu um novo nível de caótico, com anúncios agora a oferecer metade de uma cama por 900 dólares canadianos.

A bizarra oferta foi revelada numa publicação no Facebook Marketplace em janeiro, que procurava uma “companheira de quarto FEMININA e de fácil convivência” para partilhar uma cama queen-size.

O anúncio, agora removido, exigia ainda um pagamento adiantado surpreendente de 1900 dólares, incluindo o primeiro e último mês de renda, mais 100 dólares pela chave eletrónica. A absurdidade da oferta chamou a atenção da corretora imobiliária Anya Ettinger, que criticou a listagem no TikTok, num vídeo que se tornou viral.

“Quando pensavam que o mercado de arrendamento em Toronto não podia piorar, ele piorou”, começa a corretora. “Isto é tão doido. Porque não investir em duas camas de solteiro e pô-las no quarto?”, questiona ainda.

@aserealty just when you thought the Toronto rental market couldn’t get any worse, it did. Someone is trying to rent out a space in their queen sized bed in a downtown condo for $900/mo. And the worst part is that someone is actually going to rent this… SEND HELP #rentalmarket #roomrental #torontorentals #rentalcrisis #realestatefail ♬ BGM perfect for item description – Mi-on(みおん)

Ettinger expressou a sua incredulidade, comentando que, apesar da sua vasta experiência no setor, nunca tinha visto algo semelhante. O caso mais notório que tinha visto até agora era em Oakville, onde uma beliche no hall de entrada de uma casa estava disponível por 650 dólares mensais, escreve o New York Post.

“Isso mostra realmente o quão triste é aqui. Quero dizer que as pessoas estão – com razão – tão empenhadas em permanecer na cidade que existe um mercado para coisas como esta”, disse Ettinger à CTV News Toronto.

A legalidade destes arranjos é questionável, conforme salientado pela especialista legal Cassandra Fafalios, que cita a Lei de Locações Residenciais, que se aplica especificamente a proprietários e inquilinos, deixando os envolvidos em tais arranjos numa área cinzenta legal, muitas vezes sem contrato formal e sem proteções.

Apesar da indignação de Ettinger, há sinais de que este fenómeno, apelidado de “hot bedding”, está a aumentar. Uma pesquisa de 2021 da Universidade de Tecnologia de Sydney entrevistou 7000 estudantes internacionais que moravam em Sydney e Melbourne e descobriu que 3% dos entrevistados já tinham partilhado camas para pouparem na renda.

Adriana Peixoto, ZAP //

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