Traços de arquitetura real encontrados em escavações podem provar a existência do reino bíblico de Judá, debatida há muito tempo por investigadores.
No reino de Judá encontrava-se o Templo de Jerusalém, que segundo a Bíblia, teria sido mandado construir por ordem do rei Salomão para abrigar a Arca da Aliança — o objeto em que as tábuas dos Dez Mandamentos e outros objetos sagrados teriam sido guardados.
Segundo a Estela de Tel Dã, o reino de Judá existiu, em alguma forma, pelo menos em meados do século IX a.C.,mas falha em mostrar até que ponto.
Há cerca de 3.000 anos, os edifícios do reino de Judá tinham decorações e características que espelhavam a arquitetura real da região.
Uma equipa de investigadores encontrou portas recuadas, vigas retangulares, capitéis em espiral, alvenarias em silhar, balaustradas de janelas e bases decoradas da altura, escreve o The Jerusalem Post.
A descoberta dos arqueólogos da Universidade Hebraica de Jerusalém foi retratada num artigo científico recentemente publicado no Jerusalem Journal of Archaeology.
O estudo corrobora a noção de que Judá já era um reino na época de David e Salomão, como o texto bíblico sugere.
“Tem havido um grande debate entre os arqueólogos sobre o que sabemos sobre o reino de Judá no século X a.C.”, disse o arqueólogo Yosef Garfinkel. “O principal problema é Jerusalém: Jerusalém era a capital, e seria de se esperar palácios e templos e características arquitetónicas claras a enfatizar o poder de David e Salomão, mas não temos vestígios arqueológicos claros em Jerusalém desse período”.
O especialista explica que isto é devido ao facto de a cidade estava em expansão, o que torna muito difícil identificar restos de um momento específico.
As escavações em Khirbet Qeiyafa, a 30 quilómetros de Jerusalém, revelaram vestígios de uma cidade fortificada que remonta à época de David e Salomão.
“Documentamos seis aspetos da arquitetura real e investigamos onde é que eles apareceram pela primeira vez”, disse Garfinkel, citado pelo jornal israelita.
As características arquitetónicas encontradas nas escavações são idênticas àquelas encontradas noutros palácios reais da zona.
“Um reino não é algo abstrato; um reino é baseado em elementos como fronteiras, um centro e uma periferia, estradas, uma rede de coleta de impostos e assim por diante”, explicou Garfinkel. “No entanto, outra característica de um reino é a sua hierarquia social, demonstrada pela presença de palácios e templos”.