A lenda do futebol argentino, falecida a 25 de novembro do ano passado, comemoraria hoje 61 anos. Para assinalar a data, o futebol do seu país vai parar, literalmente.
Os argentinos comemoram hoje o aniversário de Diego Armando Maradona, que completaria 61 anos, com homenagens que vão desde 1.000 jogos interrompidos aos 10 minutos a um ‘amigável’ com os campeões do mundo de 1978 e 1986. De forma espontânea, os milhões de adeptos de Maradona, os autodenominados ‘maradonianos’, criaram a campanha “1.000 jogos pelo 10’, exortando todos aqueles que disputarem um encontro no dia de hoje a interromperem-no aos 10 minutos para aplaudir aquele que consideram o melhor futebolista de ‘todos os tempos’.
A ideia é celebrar Maradona, que morreu em 25 de novembro de 2020, enviando as fotos dos festejos em campos de futebol para as redes sociais, com o objetivo de somar mais de 1.000 jogos, entre amadores e profissionais, por todo o país. As fotos serão exibidas durante a transmissão da partida de homenagem a Maradona, marcada para as 19:00 locais (23:00 em Lisboa), que reunirá as duas seleções argentinas que se sagraram campeãs mundiais, em 1978 e 1986.
Essa interrupção de jogos entre amigos foi a forma encontrada pelos adeptos para se associarem às homenagens da Liga Profissional e da Associação do Futebol Argentino, que também vão interromper todas as partidas da 19.ª jornada da primeira divisão do campeonato argentino aos 10 minutos.
“A Liga entende que, por ser o primeiro aniversário de Maradona sem a sua presença física, a magnitude da sua figura justifica a excecionalidade da citada homenagem por única ocasião”, indica, em nota, a Liga Profissional do Futebol argentino.
Em todos os 13 confrontos da ronda, os árbitros têm a ordem de parar os jogos aos 10 minutos, reter a bola e convidar jogadores e adeptos a um minuto de silêncio seguido de um minuto de ovação. Nos estádios com ecrã gigante, haverá um vídeo de homenagem a Maradona, com a inscrição “Diego Armando Maradona: 1960 – ∞” (símbolo de infinito). Pelas instalações sonoras, ecoará a canção ‘La Mano de Dios’ (A Mão de Deus) – em alusão ao golo que marcou com a mão à Inglaterra no Mundial de 1986 -, do falecido cantor e compositor Rodrigo Bueno, um hino para os maradonianos. Em todas as transmissões, os relatores vão ler um mesmo texto alusivo à data.
A celebração pelo legado do jogador incluirá uma bracelete com o rosto de Maradona, sobre um fundo celeste e branco, cores da Argentina, utilizada pelos capitães das equipas, como todos os jogadores a utilizarem camisolas com a icónica imagem de Diego.
Nesse reconhecimento, a partida que mais concentrará as atenções será entre o Boca Juniors e o Gimnasia y Esgrima La Plata, no estádio La Bombonera, em Buenos Aires, às 20:30 locais (00:30 de domingo em Lisboa). O Boca Juniors era o clube do coração de Maradona, e no qual encerrou a carreira como jogador, enquanto o Gimnasia foi o último clube treinado por ‘El Pibe’.
O ponto máximo do reconhecimento à memória do ídolo dos argentinos acontecerá no estádio Diego Armando Maradona, do Argentino Juniors, clube em que despontou e onde foi construído um santuário a partir de todas as oferendas que os fãs deixaram naquele trágico dia 25 de novembro de 2020, quando Maradona faleceu como consequência de “um edema agudo de pulmão seguido por uma insuficiência cardíaca crónica reagudizada”.
Em dois tempos de 15 minutos cada, os jogadores campeões de 1978 e 1986 vão enfrentar os históricos ‘Cebollitas’ (Cebolinhas), equipa infantil do Argentino Juniors, onde Maradona estreou, em 1969, aos nove anos de idade. Foi nessa fase que ganhou a alcunha de ‘Pelusa’ (cotão), como os históricos amigos o chamaram a vida toda. Por isso, ‘Pelusa eterno’ é o título da homenagem no primeiro clube.
A partida dos campeões e uma apresentação musical serão transmitidas pela televisão pública argentina e poderão ser acompanhadas pela Internet. “Estamos contentes por esta homenagem ser onde foi e onde será sempre a sua casa. Tudo o que fizermos pelo Diego será pouco perante o que ele deu ao nosso futebol e ao nosso clube. Até hoje, custa-nos assimilar o que aconteceu com ele”, disse, entre lágrimas, o presidente do Argentinos Juniors, Cristian Malaspina, em conferência de imprensa.
Ao seu lado, Sergio Batista, campeão mundial em 1986 e ex-técnico da seleção argentina, desabafou emocionado: “Custa muito reconhecer que o melhor de nós não está mais. É uma data que dói. Mas ele seguramente vai estará entre nós neste sábado”.
Os argentinos (e não só) tem que olhar menos para o entretenimento da bola e para os deuses e olhar mais para as necessidades reais das pessoas!…