Experiências levadas a cabo na Estação Espacial Internacional (EEI) sugerem que, mesmo sem gravidade, as aranhas são capazes de tecer teias no Espaço. Para isso, só necessitam de uma fonte de luz para servir de referência.
Na ausência de gravidade, as aranhas necessitam de saber o que é “cima” e “baixo” para tecer as suas teias. Recentemente, uma experiência realizada a bordo da Estação Espacial Internacional (EEI) com aranhas da espécie Trichonephila clavipes revelou que estes aracnídeos conseguem orientar-se se tiverem acesso a uma fonte de luz.
De acordo com o Science Alert, os cientistas usaram quatro aranhas Trichonephila clavipes para realizar a experiência, sendo que duas permaneceram na Terra, enquanto que as outras foram colocadas à prova no Espaço, isoladas uma da outra em câmaras na EEI.
Sob condições normais de gravidade, e independentemente de as luzes estarem acesas ou não, as aranhas tendem a construir teias assimétricas.
“Concluímos que a gravidade é o guia de orientação mais relevante para as aranhas” e que “o estímulo visual da direção da luz pode servir como um guia de orientação na ausência de gravidade”, escreveram os autores no artigo científico, publicado recentemente na The Science of Nature.
Sem gravidade e sem luz, a maioria das teias foi tecida simetricamente. No entanto, sem gravidade mas com luz, as aranhas conseguiram construir teias assimétricas, tal como as que produziram com gravidade.
“Não teríamos imaginado que a luz desempenharia um papel na orientação das aranhas no Espaço. Tivemos a sorte de as lâmpadas estarem fixadas no topo da câmara e não em vários lados. Caso contrário, não teríamos sido capazes de descobrir o efeito da luz na simetria das teias em gravidade zero”, disse Samuel Zschokke, principal autor do estudo, em declarações ao Science Alert.
O facto de as aranhas terem “um sistema de backup para orientação como este é surpreendente, uma vez que nunca foram expostas a um ambiente sem gravidade durante a sua evolução”, acrescentou o investigador.
Antes da experiência, os cientistas não tinham considerado a fonte de luz como um fator crucial, pelo que o sucesso da pesquisa revelou que, muitas vezes, os acasos na Ciência são extremamente úteis.