Aquecer a água do banho com energia nuclear? Cidade russa está a testá-lo

Na Sibéria, o aquecimento das casas de uma pequena cidade está a ser fornecido por pequenas centrais nucleares à boleia de uma embarcação no Ártico.

Há um ano que os habitantes de uma pequena cidade na Sibéria, Rússia, têm a sua própria central nuclear em miniatura. É aqui, em Pevek, que uma empresa estatal russa está a testar um novo modelo para aquecimento residencial, com os olhos postos na minimização das alterações climáticas.

“Pessoalmente, não estou preocupado”, disse Pavel Rozhkov ao The New York Times, à medida que o calor produzido por uma reação atómica aquecia a água do seu chuveiro.

A fonte da energia nuclear não é um típico reator, mas é o primeiro de uma nova geração de centrais nucleares bem mais pequenas. No caso russo, a bordo de uma embarcação nas proximidades do Oceano Ártico.

A Rússia está decidida em apostar no aquecimento residencial nuclear como uma possível solução para ajudar a mitigar as alterações climáticas. Estados Unidos, China e França estão a pensar seguir a mesma via.

“É muito empolgante”, disse Jacopo Buongiorno, professor de ciência nuclear e engenharia do MIT, ao jornal norte-americano. “Os russos estão à frente”.

O aquecimento nuclear direto faz circular a água entre a central nuclear e as casas, transferindo calor diretamente dos átomos de urânio em fricção para as casas, explica o Times.

Os defensores desta abordagem defendem que tem benefícios ambientais, já que evita o desperdício de calor que normalmente é libertado na forma de vapor e, em vez disso, captura-o para uso em aquecimento residencial.

Nem todos concordam e há quem pese os riscos desta forma de aquecimento residencial.

“É tecnologia nuclear, e o ponto de partida é que é perigoso”, disse Andrei Zolotkov, investigador do Bellona, um grupo ambiental norueguês. “Esta é a única maneira de pensar sobre isso”.

Buongiorno disse, por sua vez, que “a descarbonização da rede elétrica apenas nos leva a um quarto do caminho” e que “o resto vem de todas estas outras coisas”.

Daniel Costa, ZAP //

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