A Apple anunciou, esta terça-feira, que apresentou uma queixa contra a NSO Group, a empresa israelita que fabrica o programa informático de espionagem Pegasus.
O grupo tecnológico norte-americano pretende que o tribunal impeça definitivamente a NSO de instalar os seus programas nos aparelhos e serviços que disponibiliza.
A NSO foi exposta este verão depois de uma investigação, realizada por um consórcio de 17 meios de comunicação de vários países, ter revelado que o Pegasus permitiu a espionagem de jornalistas, políticos, militantes e empresários de diferentes países, incluindo o presidente francês, Emmanuel Macron.
“No mercado de eletrónica para o grande público, os aparelhos da Apple são os mais seguros, mas as empresas que desenvolvem programas informáticos para a espionagem por conta de Estados tornaram-se mais perigosos”, declarou o vice-presidente do grupo californiano com o pelouro dos programas informáticos, Craig Federighi, citado em comunicado.
“Mesmo que estas ameaças à segurança informática afetem apenas um pequeno número dos nossos clientes, levamos a sério todos os ataques contra os nossos utilizadores”, acrescentou.
Em setembro, a Apple teve de reparar, com caráter de urgência, uma falha informática que o Pegasus foi capaz de explorar para infetar os iPhone, sem necessitar que os utilizadores tivessem de clicar em ligações ou botões armadilhados, que é a técnica usada habitualmente.
Segundo os investigadores do Citizen Lab, que repararam o problema, o programa informático espião aproveitava-se daquela falha desde, pelo menos, fevereiro de 2021.
Esta organização de segurança informática da Universidade de Toronto tinha descoberto que o iPhone de um militante saudita tinha sido infetado através do iMessage, o serviço de mensagens da Apple.
No início de novembro, Washington acrescentou a NSO Group à sua ‘lista negra’ de empresas.
“Os EUA estão determinados a utilizar de maneira incisiva o controlo das exportações para responsabilizar as empresas que desenvolvem, comercializam ou utilizam tecnologias para fins malfazejos, que ameaçam a segurança informática dos membros da sociedade civil ou do governo, dos dissidentes e de organizações baseadas no estrangeiro”, tinha afirmado a secretária do Comércio, Gina Raimondo.
O grupo israelita declarou-se “consternado” por esta decisão, que desejava ver adiada, segundo um porta-voz desta empresa, baseada em Telavive, acrescentando que o NSO tem uma carta ética “rigorosa, baseada nos valores (norte-)americanos”.
Mas Craig Federighi afirmou que “os grupos financiados por Estados, como o NSO Group, gastam milhões de dólares para conceber tecnologias sofisticadas de vigilância, sem terem de responder pelas consequências. Isso deve mudar”.
O NSO group não respondeu a um pedido de reação feito pela AFP.
// Lusa