Depois do atentado de Paris o alistamento militar quadruplicou em França

O número de franceses que se querem alistar nas Forças Armadas quadruplicou após os atentados de Paris, a 13 de novembro.

Cerca de 1.600 pessoas entram em contato diariamente com o serviço de recrutamento para apresentar sua candidatura.

Antes dos ataques, a média era de 400, afirma o coronel Eric de Lapresle, chefe do escritório de comunicação do recrutamento do Exército. “É colossal, o fluxo de candidaturas é maciço”, disse o militar à imprensa francesa.

Em 2014, a média de franceses que queriam tornar-se soldados era de 100 a 150 por dia. O número saltou para 400 logo após os atentados de janeiro contra a revista satírica Charlie Hebdo e o supermercado judaico.

Os candidatos podem inscrever-se no site das Forças Armadas e também apresentam candidaturas em centros de recrutamento.

“É certo que o interesse pelo Exército foi impulsionado pelos atentados”, disse o coronel Lapresle.

“Proteger os franceses”

De acordo com o militar, a principal motivação dos candidatos é a de querer “proteger os franceses” e não a de participar numa guerra.

É o caso de Terry, 23 anos, agente de segurança que trabalhava no Stade de France no dia do atentado. “Quando cheguei ao local das explosões, vi restos dos corpos dos homens-bomba espalhados por todos lados”, contou ao jornal Le Monde.

O jovem diz que sempre quis entrar nas Forças Armadas, mas não se sentia preparado para corresponder ao perfil. “Não estou pronto em relação aos aspectos físicos, mas os ataques da sexta-feira preparam-se psicologicamente”, afirmou.

As mulheres também têm apresentado candidaturas. “Os atentados fizeram-me ter consciência de que me devo alistar rapidamente. Eu quero agir e proteger França”, disse à BBC a estudante de literatura Marina Morgny, 18 anos.

Filha de um militar da Força Aérea, a jovem já tinha planos de entrar nas Forças Armadas, mas sem data prevista, e os atentados em Paris aceleraram a decisão, fazendo-a sentir-se envolvida na tragédia e considerar o alistamento “um dever patriótico”.

“França precisa de nós. Visaram a juventude, que é o futuro de França, mas vamos acabar com eles”, diz a estudante.

Nenhum corte até 2019

No próximo mês, Marina deve ser convocada ao Centro de Informação e de Recrutamento de Lyon. Ela afirma que já começou a praticar desporto para se preparar para os testes físicos.

O perfil dos franceses que se querem alistar é diferente do normal. Situando-se habitualmente na faixa entre 17 e 29 anos, depois dos atentados de duas semanas atrás, pessoas com mais de 40 anos têm procurado os centros de recrutamento, apesar de a idade limite ser de 35 anos.

A Defesa francesa tinha anunciado, em 2013, um corte de 34 mil postos até 2019 como parte das medidas de redução do orçamento para equilibrar as contas públicas.

No entanto, o presidente da França, François Hollande, anunciou na semana passada que não haverá nenhum corte nas forças da Defesa até 2019.

A Defesa francesa prevê recrutar 15 mil pessoas neste ano e 16 mil em 2016. Estes são selecionados após uma série de testes médicos, psicológicos, de desempenho físico e raciocínio.

Após os últimos atentados, o número de soldados que patrulha a França, na chamada operação Sentinelle (lançada após os ataques de janeiro), passou de sete mil para 10 mil, sendo seis mil homens apenas em Paris e seus arredores, segundo o ministério da Defesa.

ZAP / BBC

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