Crianças com apneia do sono sofrem uma redução significativa de massa cinzenta (células cerebrais) envolvida no movimento, memória, emoções, fala ou perceção, em relação a crianças sem o distúrbio, indica um estudo divulgado este sábado.
O estudo, publicado na revista Scientific Reports, comparou crianças entre os sete e os 14 anos com apneia do sono obstrutiva moderada ou grave com crianças da mesma idade que dormiam normalmente e concluiu que as primeiras tinham redução de massa cinzenta em várias regiões do cérebro.
A descoberta aponta para uma forte ligação entre este distúrbio comum do sono, que afeta até 5% das crianças, e a perda de neurónios ou um atraso no crescimento neuronal do cérebro em desenvolvimento. E é uma razão para os pais de crianças com sintomas de apneia do sono considerarem uma deteção precoce e um tratamento.
“As imagens de mudanças na matéria cinzenta são impressionantes”, disse um dos autores do estudo, Leila Kheirandish-Gozal, da Universidade de Chicago, acrescentando que “ainda não há um guia preciso para relacionar a perda de matéria cinzenta com défices cognitivos precisos, mas há uma evidência clara de perda ou dano neuronal generalizado, comparando com a população em geral”.
Os investigadores analisaram 16 crianças com apneia obstrutiva do sono. Os padrões do sono foram avaliados no laboratório pediátrico do sono da Universidade de Chicago e cada criança também fez testes neuro-cognitivos e ressonâncias magnéticas.
Os resultados foram comparados com os obtidos em exames idênticos feitos a nove crianças da mesma idade, sexo, etnia e peso, que não tinham apneia do sono e com outros resultados guardados em base de dados.
Foram encontradas nas crianças com apneia reduções no volume de massa cinzenta em várias regiões do cérebro, incluindo córtex central, córtex pré-frontal, córtex parietal, lobo temporal e tronco encefálico.
Apesar de as reduções da massa cinzenta serem bastante extensas não é fácil medir as consequências diretas, disseram os autores.
David Gozal, outro dos autores do estudo, disse que os exames não explicam o que afetou os neurónios e em que momento, ou se as células cerebrais encolheram ou foram completamente perdidas.
// Lusa