“Anomalias genéticas” permitem controlar mosquitos (acabando com as fêmeas)

Uma equipa de cientistas detetou anomalias genéticas nos mosquitos que podem ajudar a criar populações exclusivamente masculinas — e vir a reduzir as doenças transmitidas pelos mesmos.

O Zika e a Dengue são algumas das doenças que podem ser transmitidas pela picada de mosquito e trazer diversas complicações especialmente a bebés, grávidas e idosos.

De acordo com o SciTechDaily, os cientistas descobriram uma nova forma de identificar alvos genéticos úteis para o controlo de populações de mosquitos, oferecendo uma alternativa aos inseticidas.

Um novo estudo, publicado esta segunda-feira na Nature Communications, centrou-se na base genética da incompatibilidade de espécies. Os investigadores cruzaram o Aedes aegypti, o mosquito transmissor da dengue e da febre amarela, com o Aedes mascarensis.

De seguida, identificaram anomalias nas vias de determinação do género destes mosquitos. Também descobriram que estes são geneticamente machos, mas expressam genes masculinos e femininos, o que leva a traços físicos mistos.

“Estudámos a hibridação de duas espécies de mosquitos, descobrimos que os indivíduos intersexuais têm vias de determinação interrompidas e expressões de genes específicos do género”, explica o principal autor do estudo, Igor Sharakhov.

Além disso, observaram que as anomalias morfológicas começam na fase de pupa durante o desenvolvimento e, nos adultos, os casos mais graves têm ambos os testículos e ovários num só indivíduo, o que é incomum nestas espécies.

“Uma vez que o intersexo é geneticamente masculino, mas expressa transcrições femininas, fornece um sistema para identificar genes que afetam o comportamento feminino, o que pode ser útil para futuras estratégias de controlo de vetores“, diz o primeiro autor do estudo, Jiangtao Liang.

“Os intersexos podem servir como um modelo para a descoberta de fatores genéticos envolvidos na determinação do sexo, diferenciação sexual, acasalamento, procura de hospedeiros e comportamentos de picada de sangue nos mosquitos”, conclui Liang.

A equipa espera que, ao compreender estes fatores genéticos, consiga desenvolver estratégias para criar populações de mosquitos exclusivamente masculinas, o que poderá ajudar a controlar o número de mosquitos através da eliminação das fêmeas e ajudar a identificar genes que afetam o seu comportamento.

Soraia Ferreira, ZAP //

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