Nova análise ao sangue deteta cancros muito antes de surgirem sintomas

Um avanço recente na investigação sobre o cancro traz esperança sob a forma de uma análise de sangue inovadora que pode identificar cancros letais muito antes de se manifestarem quaisquer sintomas.

O cancro, quando detetado nas suas fases iniciais, é muito mais tratável e, frequentemente, curável. Infelizmente, muitos cancros não são detetados até já terem metastizado, o que torna muito mais difícil a sua gestão e tratamento.

A necessidade de métodos não invasivos e acessíveis para detetar o cancro numa fase inicial levou os cientistas a explorar abordagens inovadoras, incluindo a procura de ADN, células e moléculas específicas que possam indicar a presença de cancro no organismo.

Os investigadores da Universidade Rockefeller, em colaboração com uma equipa internacional de cientistas, fizeram um avanço significativo no desenvolvimento de uma análise ao sangue capaz de identificar uma proteína-chave produzida pelas células cancerígenas.

Esta proteína, denominada ORF1p, é particularmente frequente em vários tipos de cancro, especialmente naqueles em que o gene crítico p53 não funciona corretamente.

“A ORF1p é frequentemente encontrada em muitos tipos de cancro e não deveria ser encontrada na corrente sanguínea de uma pessoa saudável”, explica John LaCava, professor da Rockefeller e coautor do estudo, citado pela Interesting Engineering.

O que distingue a ORF1p é o facto de ser produzida em quantidades significativas mesmo antes de o cancro poder ser detetado através dos meios tradicionais.

Para ultrapassar este desafio, os investigadores recorreram a uma tecnologia de ponta conhecida como Single Molecule Arrays (Simoa). A super-sensibilidade da Simoa permite a deteção da ORF1p em níveis extremamente baixos na corrente sanguínea.

“O ensaio tem um potencial inovador como teste de diagnóstico precoce para cancros letais. Estes tipos de instrumentos de deteção ultra-sensíveis estão preparados para melhorar os resultados dos doentes de forma transformadora”, diz Michael P. Rout, diretor do laboratório Rockefeller.

Nos seus testes iniciais, a equipa de investigação identificou com sucesso a ORF1p em doentes com cancros da mama e colorrectais em estado avançado.

Os investigadores analisaram o plasma de 400 indivíduos saudáveis, com idades entre os 20 e os 90 anos. Os resultados revelaram que a ORF1p era indetetável em 97-99% dos indivíduos saudáveis.

No entanto, numa pequena minoria, cinco indivíduos apresentavam quantidades visíveis de ORF1p no sangue. Um destes indivíduos, com o nível mais elevado de ORF1p, foi posteriormente diagnosticado com cancro da próstata avançado, apenas seis meses após o teste inicial.

A investigação inovadora, recentemente publicada na revista Cancer Discovery, constitui um marco significativo na tentativa de revolucionar o rastreio do cancro.

ZAP //

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