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Alunos querem aulas com pausas para manter concentração e interesse

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Os alunos defendem que as aulas devem ter momentos de pausa que permitam recuperar a concentração e o interesse pelas matérias, segundo um caderno apresentado esta quarta-feira com recomendações de centenas de estudantes.

No passado ano letivo, cerca de 400 alunos de Lisboa, Moura e Figueira da Foz participaram no projeto ComParte & Educação, que começou em 2015 com o objetivo de ouvir a opinião dos estudantes sobre o que se poderia mudar nas escolas para melhorar o ensino.

O impacto das relações humanas para a aprendizagem foi o foco dos encontros e debates ocorridos no ano passado, durante os quais os jovens refletiram sobre a relação docente-aluno e sobre as condições para o bem-estar na escola.

“Os professores marcam, fazem a diferença e as relações estabelecidas com eles têm enorme impacto para toda a vida”, refere o documento tornado público esta quarta-feira num encontro em Lisboa, que contou com a presença de estudantes e do secretário de Estado da Educação, João Costa.

“Pequenas pausas nas aulas” é uma das oito recomendações dos “prós”, nome atribuído aos alunos que aqui são considerados os grandes especialistas em educação, por serem quem diariamente está nas escolas e para quem é desenhado o ensino.

Os alunos lembram que a duração das aulas – por vezes superior a uma hora – torna impossível manter a concentração e acreditam que fazer uma pausa em algumas disciplinas poderia ser benéfico para a aprendizagem, mas também para melhorar a relação com os professores.

“Na altura de voltar à matéria, estamos mais capazes de estar atentos e vamos aproveitar melhor o que ouvimos. Ganhamos mais motivação nas aulas em que nos divertimos com o professor”, defendem.

Para os “prós” é também importante que os professores e restantes funcionários se preocupem com eles e tenham disponibilidade para os ouvir e conversar. Os alunos acreditam que seria benéfico criar uma relação de amizade e cumplicidade que permitisse falar de outros assuntos além das matérias que estão nos manuais: “Gostamos que nos façam perguntas. É bom sentir que o professor se importa com a nossa opinião sobre o mundo e com a nossa vida”.

“Obrigada por numa fase em que eu estava mal ter sido a primeira pessoa a reparar” e “obrigada por estar à minha espera à porta de minha casa quando recebi aquela notícia dolorosa” são duas das mensagens publicadas no livro intitulado “O início de muitas soluções: conhecermo-nos melhor!”.

Entre as outras recomendações, os alunos dizem que os docentes devem “puxar pelo melhor” que há em cada um e devem “acreditar, incentivar e valorizar” todos os estudantes. Para os “prós”, valorizar os talentos “pode passar apenas por um comentário na aula ou uma conversa no bar, pode ser um prémio, pode ser um convite pode ser um desafio para fazer parte de um clube da escola, pode ser uma pergunta na aula ou mesmo um elogio”.

“Descobrir além dos rótulos” é a terceira recomendação de quem pede que haja “pessoas na escola disponíveis para conversar”. “Confiança é a palavra-chave, a condição essencial para abrirmos o coração. As relações, no entanto, precisam de tempo. Não é de repente que se partilha a vida mais profunda, por mais vontade que haja”, lê-se ainda no livro.

Fazer mais coisas em conjunto e a importância da primeira aula são as outras recomendações tornadas públicas. “Este caderno reflete sobre o papel da relação adulto-jovem no sucesso da educação. Dá-nos sugestões sobre a importância de conhecer bem os professores e dos alunos ou sobre o que pode ser a primeira aula. Hoje, a legislação sobre o currículo contempla que as escolas desenvolvam instâncias de auscultação de alunos, o que tem sido concretizado com eleição de alunos como diretores adjuntos ou a criação de conselhos consultivos”, defendeu João Costa.

Desde 2015, mais de 3.800 alunos participaram no ComParte & Educação e contribuíram com as suas experiências, recomendações e sugestões para uma Educação melhor.

// Lusa

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