Alunos de medicina que simularam masturbação em jogo feminino expulsos

@unisaoficial / Instagram

Unisa, Brasil

Universidade Santo Amaro (Unisa) em São Paulo, no Brasil.

A Universidade Santo Amaro (Unisa) em São Paulo, no Brasil, expulsou sete alunos do curso de medicina depois de terem ficado seminus, simulando um acto de masturbação, durante um jogo feminino de voleibol.

Os alunos integram a equipa de futsal da Unisa e estavam nas bancadas, a assistir a um jogo da equipa feminina de voleibol da mesma universidade contra outra faculdade, durante um torneio universitário.

O grupo de cerca de 20 alunos baixou as calças, mostrando os órgãos genitais e simulando um acto de masturbação colectiva.

O episódio terá acontecido em Abril passado, mas foi a divulgação de vídeos do momento, nos últimos dias, nas redes sociais que despoletou a polémica.

A Unisa acabou por expulsar sete alunos já identificados nas imagens. Mas anunciou que continua a tentar identificar outros envolvidos, para tomar a mesma medida de expulsão.

Em comunicado, a instituição refere que estão em causa “gravíssimas ocorrências” e “actos execráveis, ao se exporem seminus e simularem actos de cunho sexual”. Assim, “mesmo tendo esses ocorrido fora de dependências da Unisa e sem responsabilidade da mesma sobre tais competições, a instituição aplicou sua sanção mais severa prevista em regimento”, explica.

Além disso, a Universidade “já levou o caso às autoridades públicas, contribuindo prontamente com as demais investigações e providências cabíveis”, anuncia ainda.

A Polícia Civil também está a investigar o caso.

“Cultura de abusos” nas praxes

Uma investigação recente realizada pelo portal de notícias UOL revela uma “cultura de abusos” nas praxes no curso de medicina da Unisa, com relatos de “práticas graves na instituição”, com “tapas, socos e cuspo no rosto, humilhações públicas e em meios digitais”.

Entre algumas das situações reportadas estão, por exemplo, limpar a casa de alunos veteranos, “ajoelhar-se para ouvir xingamentos aos gritos, aceitar apelidos — inclusive de cunho racista —, seguir regras de vestimenta e de circulação, além de enviar ou receber fotos de genitálias masculinas por redes sociais ou aplicativos de mensagens”.

Entretanto, foram divulgadas imagens de estudantes de medicina da Faculdade da Santa Casa, também em São Paulo, filmados seminus e a exibirem as partes íntimas. A instituição anunciou que está a analisar o caso.

Alunos do Centro Universitário São Camilo, igualmente em São Paulo, foram filmados a mostrar as nádegas e a administração da Faculdade avança que está a estudar a eventualidade de aplicar alguma medida disciplinar enquanto prepara “medidas socio-educativas”.

“Ser mulher universitária é mais difícil”

Estes casos estão a ter grande repercussão em toda a sociedade brasileira, e já chegaram aos meandros políticos.

O Ministério das Mulheres reforçou o “compromisso de enfrentar essas práticas que limitam ou impossibilitam a participação das estudantes como cidadãs”, prometendo continuar o trabalho “para que as universidades sejam espaços seguros, livres de violência”.

“Romper séculos de uma cultura misógina é uma tarefa constante que exige um olhar atento para todos os tipos de violências de género. Atitudes como a dos alunos de Medicina, da Unisa, jamais podem ser normalizadas — elas devem ser combatidas com o rigor da lei“, aponta ainda o Ministério numa nota oficial.

“Ser mulher no Brasil é difícil, e ser mulher universitária é mais difícil ainda“, repara, por seu turno, a presidente da União Nacional dos Estudantes, Manuella Mirella, citada pela GloboNews.

Já a deputada federal Laura Sito recorda que, no Brasil, “um estupro é registado a cada 7 minutos”. E, também por isso, reforça que os actos dos estudantes “têm que ser punidos” como “importunação sexual”.

“Ser mulher é um acto de coragem”, conclui a deputada.

Susana Valente, ZAP //

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