Alguns anfíbios machos gostam de dar “mordidas de amor” nas fêmeas

explorewithindigo / Wikimedia

Um sapo da espécie Plectrohyla teuchestes

Quando se trata de feromonas, o amor pode estar mesmo no ar. Mas, pelos vistos, há espécies que gostam de resolver o problema com as próprias mãos ou, neste caso, com a boca.

A transmissão direta de feromonas sexuais é uma estratégia bem documentada entre invertebrados, mas menos comum em animais com espinha dorsal. Mas agora, conta o site IFLScience, um novo estudo mostra como os anfíbios do género Plectrohyla também gostam de ter uma abordagem mais direta.

Ao que parece, os machos destas espécies envolvem-se num “acasalamento traumático” para melhorar as suas hipóteses de sucesso reprodutivo, usando para isso dentes específicos para deixar o seu “perfume” nas fêmeas.

“O acasalamento traumático pode ser observado em muitos animais. Muitas espécies de sapos perfuram as fêmeas com espinhos durante o amplexo [posição quando estão a acasalar]. É provável que isso também sirva para transferir feromonas”, explicou ao mesmo site Lisa M Schulte, investigadora da Universidade de Frankfurt e autora da pesquisa.

Neste estudo, publicado em novembro na revista científica Frontiers in Zoology, a equipa tentou perceber se os dentes alongados e os lábios inchados dos machos do género Plectrohyla também eram usados para transferir feromonas durante o acasalamento traumático.

Os investigadores observaram sapos durante o acasalamento e perceberam que os machos usavam os seus lábios grossos para empurrar as costas das fêmeas durante o amplexo. Esta ação deixou pequenos arranhões, feitos pelos tais dentes.

Amostras revelaram que estes continham glândulas mucosas especializadas semelhantes às conhecidas para libertar feromonas em anfíbios. O seu propósito foi confirmado depois em laboratório, onde foram encontradas proteínas relacionadas com a sodefrina, uma feromona conhecida dos anfíbios.

No entanto, como destaca o mesmo site, as feromonas têm comportamentos muito diferentes e os cientistas ainda não sabem o que querem mesmo dizer estas “mordidas de amor”.

“Já sabíamos que várias espécies de sapos têm glândulas que contêm potenciais feromonas. Porém, todas elas parecem transferir essas moléculas para o nariz das fêmeas. A conclusão mais intrigante deste estudo é que parece haver um caminho diferente, em que as feromonas são transferidas via pele“, conclui Schulte.

ZAP //

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