“O condutor tem o direito de conduzir à velocidade que quiser” – mais ou menos… Tendência inverte-se, alemães querem limites.
Muitos dos nossos leitores estão atentos ao que publicámos no ZAP. E ainda bem.
Vários dos nossos leitores deixam correcções, esclarecimentos sobre um artigo que lêem. E ainda bem.
No ano passado publicámos um artigo sobre as auto-estradas na Alemanha, o único país que tem diversas auto-estradas sem limite de velocidade. Sem limite máximo, diga-se.
Uma leitora do ZAP, profunda conhecedora da Alemanha, deixou-nos um acréscimo. Não foi propriamente uma correcção, mas sublinhou algo que já se podia ler no link mencionado: recomendações.
A frase “o condutor tem o direito de conduzir à velocidade que quiser”, que está escrita nesse artigo, pode originar interpretação errada.
Na verdade, a lei do “sem limite” é travada por duas indicações.
A primeira é uma obrigação: os condutores são sempre e em qualquer lugar obrigados a conduzir a uma velocidade adaptada às condições locais e climáticas.
A segunda é uma recomendação: o Governo recomenda um máximo de 130 km/h. Em todas as auto-estradas há essa “velocidade de orientação”. Repetimos: recomendação, não é obrigação.
E há mesmo imposição de limite de velocidade em cerca de 30% da rede de auto-estradas a nível nacional; restrições de velocidade permanentes ou temporárias.
O que querem os alemães
Além disso, desde o momento da publicação do artigo (Julho de 2023), surgiu uma nova indicação sobre o que querem os alemães em relação a este assunto.
Um assunto, o “sem limite”, que é discutido com relativa regularidade na Alemanha – e os 130 km/h não são um limite obrigatório… ainda.
O Clube do Automóvel da Alemanha publicou uma sondagem, já em 2024, que mostra que há cada vez mais alemães a querer um limite de velocidade nas auto-estradas: 55% dizem que sim, 40% estão contra.
Estes números contrariam o que se verificava até 2020. Ao longo de mais de 30 anos (desde 1986) os alemães estiveram quase sempre contra esses limites; e às vezes com diferenças consideráveis – em 2014 apenas 35% eram a favor.
O mesmo estudo sublinha que as auto-estradas são as estradas mais seguras da Alemanha. A proporção de mortes vs. número de carros é mais baixa do que nas outras vias.
O verdadeiro ponto fraco na segurança rodoviária da Alemanha não são as auto-estradas. Mas também não são as ruas dentro das localidades. São as outras estradas, fora da cidade, mas afastadas das auto-estradas: registam mais de metade (57%) das mortes por acidentes rodoviários.
Se o problema são as estradas “nacionais”, então a solução passa por aumentar a fiscalização nessas mesmas estradas de modo a baixar a sinistralidade. Mas, é mais fácil montar radares de velocidade…