Um fungo que prolifera em Chernobyl, um dos locais mais radioativos do mundo, pode ajudar astronautas a protegerem-se da radiação do Espaço.
Fukushima, no Japão, é o lugar mais radioativo do mundo, depois de, em 2011, um terramoto e um tsunami terem causado o derretimento de três dos seis reatores da central nuclear. A seguir na lista está um local igualmente icónico, pelas piores razões: Chernobyl.
O que aconteceu na cidade ucraniana tornou-se o mais infame acidente nuclear de sempre. A catástrofe libertou 100 vezes mais radiação do que as bombas de Nagasaki e Hiroshima. Mais de 6 milhões de pessoas ficaram expostas à radiação e as estimativas de mortes variam entre 4 mil e 93 mil.
O nome Chernobyl parece ter ficado cronicamente associado a destruição e morte — mas agora pode ser prestável.
Uma recente experiência a bordo da Estação Espacial Internacional (EEI) sugere uma solução surpreendente: um fungo comedor de radiação pode ser usado como escudo contra a radiação gama no Espaço, escreve o portal Freethink.
O fungo em causa é Cladosporium sphaerospermum, uma espécie que prolifera em zonas de elevada radiação, como por exemplo Chernobyl. O fungo consegue converter a radiação gama em energia, num processo semelhante à fotossíntese, chamado radiossíntese.
Curiosamente, o C. sphaerospermum usa melanina — o mesmo pigmento que dá cor à nossa pele — para converter raios X e gama em energia química. Os resultados foram publicados no servidor de pré-impressão bioRxiv.
Os cientistas não sabem ao certo como é que isto acontece. No entanto, acreditam que as grandes quantidades de melanina dos fungos controlam a transferências eletrões, permitindo assim um ganho de energia.
A boa notícia é que o fungo autoreplica-se, pelo que os astronautas teoricamente seriam capazes de “cultivar” uma proteção contra a radiação no Espaço. Ainda assim, os cientistas não têm a certeza se o fungo sobreviveria na EEI.
“Enquanto na Terra, a maioria das fontes de radiação são raios gama e/ou raios X; a radiação no Espaço e em Marte é de um tipo completamente diferente e envolve partículas altamente energéticas, principalmente protões. Essa radiação é ainda mais destrutiva do que os raios X e gama, então nem mesmo a sobrevivência do fungo na EEI era garantida”, diz o coautor Nils J.H. Averesch.