Ainda há 123 mil alunos em risco de não ter professor. As aulas começam para a semana

SESI SP / Flickr

A quatro dias do início do ano letivo, há ainda 123 mil alunos em risco de não ter professor, a pelo menos uma disciplina. Desde 2013 que não se reformavam tantos professores. Há falta de apoios do Estado para a profissão.

A poucos dias do arranque do ano letivo há, nesta altura, pelo menos 123 mil alunos do Ensino Básico e Secundário em risco de não ter professor, a pelo menos uma disciplina

O cálculo, divulgado na edição de hoje do Correio da Manhã, foi feito pela Fenprof.

Citado pelo CM, Vítor Godinho, da Fenprof considera que “a falta de professores resulta da saída da profissão de cerca de 15 mil docentes em duas décadas por desvalorização da carreira”.

Em relação ao mesmo período do ano passado, há menos 1054 docentes, o que levou ao agravamento da situação.

Mais vai ser menos

Este ano, houve aumento significativo das colocações nos cursos de formação de professores.

Dos 26 cursos de educação com vagas a concurso na 1.ª fase de acesso ao ensino superior, apenas três deixaram vagas para a segunda fase, sobrando 36 lugares dos 1.154 abertos.

No entanto, essas eventuais entradas na docência serão insuficientes para colmatar as saídas.

De acordo com os números apresentados esta quinta-feira pela Caixa Geral de Aposentações, desde o início do ano, já se reformaram 2771 professores – mais do que em todo o ano passado -, e estima-se que até ao final do ano haja mais cerca de 1000 aposentações.

De acordo com o jornal Expresso, se o ano letivo tivesse começado esta quinta-feira havia 1357 horários pro atribuir (mais de 15 mil horas de aula) – o que faz com que 100 mil alunos tivesse, pelo menos, um professor em falta.

Esta sexta-feira, vão conhecer-se os resultados da segunda fase das colocações, o que deverá atenuar estes números.

Apoios e “horas extraordinárias”

À Antena 1, Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, disse que muitos professores não conseguem aguentar despesas como as da habitação, quando ficam longe de casa.

“Sobretudo em Lisboa e Vale do Tejo e no Algarve, sobretudo pelo preço de um aluguer de um quarto ou de um arrendamento de uma casa que, estão a preços exorbitantes”, lamentou.

O dirigente acusa o Estado de não dar os apoios devidos, ao contrário do que faz com outras profissões: “os nossos professores não concorrem para locais onde não têm qualquer espécie de apoio, ao contrário de outras profissões da função pública que têm apoio na estadia e na deslocação”.

“Neste momento, início do ano letivo, são já as próprias escolas que estão a tentar contratar os professores, porque o sistema de colocação já não responde”, denunciou Filinto Lima.

Manuel Pereira, presidente da direção da Associação Nacional de Dirigentes Escolares, disse, à mesma rádio, que é necessário encontrar respostas rápidas dentro do sistema, que permitam tornar a profissão mais atrativa.

“Temos de encontrar soluções dentro dos recursos que temos, que podem passar por horas extraordinárias, permitir que alguns professores que estão a aposentar-se fiquem mais algum tempo, sendo subsidiados para isso”, sugeriu.

“E, entretanto, é preciso criar condições de estímulo que permitam que os jovens queiram ser professores”, acrescentou Manuel Pereira.

Miguel Esteves, ZAP //

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