Nasceu uma estrela em noite histórica que marca fim de uma era. E CR7 “já não tem lugar”

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Noite histórica do futebol português teve dois grandes protagonistas: um que esteve em campo desde início e outro que esteve apenas a ver o jogo, na maioria do tempo. “O status quo não pode iludir a lógica”.

O mundo do futebol passou a estar atento à selecção portuguesa. Ao conjunto, não apenas a um jogador.

Basta passar dois ou três minutos para espreitar as versões online de diversos jornais estrangeiros e verificamos que se lê que Portugal, agora, é que joga, que Portugal é “candidato ao ouro” ou que consegue “atropelar qualquer adversário”.

Este é o dia pós-jogo histórico no futebol português: 6-1 contra a Suíça, nos oitavos-de-final do Mundial 2022. Foi a segunda maior goleada de sempre de Portugal em Mundiais e mesmo a maior em fases a eliminar.

No Reino Unido a estação televisiva Sky Sports olha para esta exibição lusa como “uma das melhores do torneio até agora”, de qualquer selecção. É uma “equipa sem trela”.

O jornal The Times escreve que Portugal “transformou-se em candidato ao Mundial desmantelando a Suíça com um desempenho de equipa deslumbrante”.

Aqui ao lado, em Espanha, o jornal Marca considera que “Tudo está a favor dos comandados de Fernando Santos” para que “comecem a sonhar alto” no Qatar – até por causa da eliminação de Espanha diante de Marrocos, poucas horas antes.

Já em França, onde já se prevê um reencontro com Portugal nas meias-finais, o L’Équipe viu uma “forma espectacular” de começar uma nova era na selecção.

Gonçalo substituiu Ronaldo

Gonçalo Ramos destacou-se neste duelo: três golos. E logo na estreia a titular pela selecção.

Entre outros recordes ou registos raros, o jovem avançado foi o primeiro futebolista a conseguir um hat-trick neste Mundial, o mais jovem luso de sempre a marcar três golos num jogo do Mundial (só Eusébio, Pauleta e Cristiano fizeram o mesmo) e juntou-se à lista restrita – não chegam a uma dezena – de jogadores do Benfica que marcaram em Mundiais.

A imprensa também destaca outro facto: Portugal jogou como jogou sem o seu capitão habitual nas escolhas iniciais.

Portugal pode ter realizado a sua melhor exibição de sempre num Mundial de futebol – é sempre complexo comparar com outras gerações – sem Cristiano Ronaldo no 11 titular.

Cristiano já tinha ficado fora de um torneio (ou parte dele) em 2018, na fase de grupos da primeira Liga das Nações. E, aí, Portugal já tinha deixado em campo excertos de belo espectáculo. Sem o número 7.

Num grupo com Polónia e Itália – que viria a ser campeã europeia – Portugal venceu e convenceu, sem a contribuição de Cristiano Ronaldo nessa fase de grupos.

Já nessa altura, há pouco mais de quatro anos, começaram a surgir algumas reacções na imprensa, embora tímidas, que sugeriam que a selecção portuguesa jogava melhor sem Cristiano. E continuava a ganhar sem o avançado. Mas ficava a sensação que era quase um “crime” admitir isso publicamente.

Agora, quatro anos depois, voltando aos jornais estrangeiros, o Marca escreve que Portugal tem “qualidade de sobra para fazer grandes coisas”, mesmo sem Ronaldo. O Mundo Deportivo viu que Portugal consegue “vencer e dominar” sem o avançado. O L’Équipe resume: “Sem Ronaldo, sem problemas para Portugal”.

O The Times também refere o madeirense, mas noutra perspectiva: “quase pareceu insultuoso” que as bancadas do Estádio Lusail entoassem o nome de Ronaldo, pedindo a sua entrada em campo – e entrou, durante a segunda parte.

Por cá, há uma frase do portal zerozero que resume tudo. Logo na parte inicial da crónica do jogo, lê-se: “…a amostra desta vitória deixou bem claro que Cristiano, nesta altura, não tem lugar na equipa inicial. O status quo não pode iludir a lógica”.

Mal o jogo acabou, Cristiano Ronaldo foi o primeiro português a deixar o relvado. Sem grandes festejos e sozinho.

6 de Dezembro de 2022. O dia em que terá começado uma nova era na selecção portuguesa de futebol. Veremos com que resultados.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

8 Comments

  1. Mais uma prova de que esta selecção joga melhor sem a sua estrela, sem complexos, sem inibições, sem dependências! Finalmente, o sr. Eng. mostrou coragem e a equipa mostrou as suas qualidades!

  2. Ainda é muito cedo para se estar a embandeirar em arco e despedir o Maior de Sempre O jogo correu bem, mas também porque a Suiça foi uma caricatura daquilo que realmente é. Até deu a impressão que se o nosso massagista chutasse á baliza também metia um golo. Em resumo, espero que o Ramos não gastasse os tiros todos e também dizer que o padreca teve mijo muito mijo mesmo.

  3. Ronaldo tem que aprender a humildade e aceitar, sem dramatismo, que cada fase da vida tem as suas glórias e desgraças. A vida continua e ainda terá muitas alegrias pela frente. Saber gerir a fama é difícil.
    Também pode recomendar à sua famosa esposa que se modere na exibição ridícula de joias e riqueza. Parece uma árvore de Natal. Para quê tudo aquilo?
    Mas o público, em geral, não pode ser mais construtivo? Não conseguem parar de ter prazer em fazer mal, em dizer mal? Tão injusto tratar-se assim o melhor jogador do mundo, só porque a sua carreira está acusar o declínio.
    Mete-me muita confusão e enche-me de pena tanto fel, tanto azedume.
    Para Ronaldo, o meu voto sincero de que aprenda a ser humilde. Mas foi um grande jogador, e ainda é, só que menos, e entenda que ninguém não é eterno… Aceite e será muito mais feliz!

  4. Enquanto Ronaldo deixada outras estrelas no banco, não havia problema nem amuos, Ronaldo é um egoista, sem humildade, esta a mostrar a sua verdadeira cara, não importam as equipas, as selecções, o que importa é ele e os seus recordos. Por muitos anos vivemos na tirania do Ronaldo que jogava quando queria e com quem ele queria, No United começou a fazer o mesmo, mas foi colocada na ordem por um treinador corajoso, que rapidamente todos os portugueses condenaram, mas agora que isto se aplica à nossa seleção já nos arde o rabo.

  5. Ronaldo, como jogador de futebol de alto nível, faz parte do passado.

    Todos os comentadores internacionais sabem isso.
    Os portugueses sabem isso.
    Fernando Santos também já o sabe há muito tempo.
    O próprio propósito com que encarou o mundial, bater o número de golos de Eusébio nos mundiais, é, no mínimo, ridículo.
    Propunha-se fazer em 5 mundiais o que Eusébio fez num, e chamar a isso um record.

    Dar-lhe a titularidade por gratidão, por aquilo que fez no passado, como reclamam algumas figurinhas públicas do nosso quintal, não faz qualquer sentido.
    Seria até penoso e humilhante para o Cristiano.

    Ronaldo como fenómeno mediático está no auge.
    Atingiu o pico de seguidores nas redes sociais, centenas de fotógrafos acotovelam-se para lhe tirarem fotos, jornalistas de todo o mundo atropelam-se uns aos outros para lhe ouvir um comentário ou a resposta a uma qualquer pergunta idiota.
    É um fruto dos tempos que vivemos, da ânsia por novos ídolos, do endeusamento de figuras medíocres.

    Infelizmente Ronaldo parece ter tido sempre a seu lado pessoas que lhe dizem o que quer ouvir.
    Teve sempre a seu lado massageadores de ego em vez de conselheiros.

    Espero, sinceramente, que Ronaldo seja ajudado a terminar a carreira de futebolista com dignidade.
    Para não estragar aquilo que construiu com muito trabalho e que sempre se sobrepôs às suas falhas

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