O PSG não quis pagar a cláusula de João Neves. O jogador não tinha vontade de sair do Benfica. O clube também não queria livrar-se do médio. Mas, afinal, como foi parar João Neves a Paris?
O Benfica vendeu o João Neves ao Paris Saint-Germain, por 59,9 milhões de euros, “acrescido de uma remuneração variável associada a objetivos, pelo que o montante global da transferência poderá atingir o montante líquido de € 69.908.518 (…)”, refere a nota enviada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.
Mas a forma como o negócio aconteceu foi, de alguma forma, estranha: Desde logo, o médio de 19 anos foi vendido por metade da cláusula de rescisão.
Nos últimos dias, gente conhecida no “meio do futebol” e amigos do médio demonstraram-se indignados contra esta esta transferência, dando a entender que o João Neves estaria a sair do Benfica de forma forçada.
Num vídeo de despedida, publicado esta segunda-feita, João Neves deixa patente a ideia de que não queria, realmente, ir embora.
Contudo, o jogador sublinha que também não foi o Benfica que o “despachou”.
“É muito difícil, porque se eu quisesse mesmo ir embora, e se o Benfica quisesse mesmo que eu fosse embora, já tínhamos resolvido isto há muito tempo. Tentámos até ao máximo e chegámos a um consenso”, explica.
“Nem eu, nem a minha família ligou a quem quer que seja para forçar a minha saída, ou qualquer outro tipo de assunto relacionado com o João Neves querer sair. Nem o Benfica quis que eu saísse”, confessou.
Então: se o Paris Saint-Germain não pagou a cláusula; se o jogador não queria sair; se o clube não se queria ver livre dele; e se ninguém externo forçou o jogador a sair do Benfica, afinal, quem mandou João Neves embora?
Na semana passada, ainda antes da transferência ser oficializada o presidente do Benfica Rui Costa esclareceu que o dinheiro falou mais alto.
“As pessoas têm de compreender que adiámos durante muito tempo esta transferência, rejeitámos as primeiras propostas de forma clara, só que chegámos a determinados momentos e números que tornaram a transferência inevitável. Verbas de 70 milhões de euros não são possíveis de abdicar pelo clube”, lamentou.
“Conheço o João Neves desde os 10 anos e custa muito vê-lo sair”, desabafou o dirigente.
No mesma vídeo de despedida, acima mencionado, João Neves confirmou que o “fator financeiro” foi o desbloqueador desta transferência: “Achámos o melhor das duas partes, em termos financeiros é bom para o clube e é bom para mim“.
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A verdade é que o dinheiro tem falado sempre mais alto para o Benfica, quando se trata de vender jogadores da formação (e não só).
Depois de João Félix, Rúben Dias e Gonçalo Ramos, foi a vez de João Neves ser vendido por mais de 59 milhões. O Benfica torna-se, assim, o primeiro clube a fazer seis venda acima dessa marca – numa lista à qual se juntam os nomes de Darwin e Enzo Fernández.
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João Neves esteve ligado às águias desde sempre, numa primeira fase integrado nas escolas do clube em Tavira e Faro, e a partir de 2016/17 no Benfica Campus, no Seixal, onde percorreu todos os escalões de formação até atingir equipa principal em 2022/23.
Estreou-se pela mão de Roger Schmidt, em dezembro de 2022, acabando essa temporada com 20 partidas e como titular dos encarnados, acabando mesmo por ser crucial para a conquista do título de campeão.
Na época passada, consolidou-se definitivamente como uma das principais opções do treinador, com 55 encontros, 49 dos quais como titular, e três golos em todas as competições.
Deixa a Luz com um total de 75 jogos e quatro golos pelo conjunto principal, pelo qual arrecadou um campeonato nacional e uma Supertaça Cândido de Oliveira.
João Neves junta-se agora aos campeões franceses, onde encontrará os compatriotas Nuno Mendes, Danilo Pereira, Vitinha e Gonçalo Ramos.
De lá [Paris], em sentido inverso ao de João Neves, vem o já conhecido dos benfiquista Renato Sanches, que regressa ao Benfica, oito anos depois, por empréstimo dos parisienses.
O campeão da Europa por Portugal vai voltar a vestir a 85 dos encarnados.
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Miguel Esteves, ZAP // Lusa