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Afinal, peixe podre pode não cheirar assim tão mal. Há quem lhe cheire a “caramelo”

Uma equipa de investigadores descobriu uma variante de gene específica que influencia a intensidade com que uma pessoa identifica odores de peixe podre. O estudo também identificou, pela primeira vez, variantes do gene associadas à intensidade dos odores da canela.

O sentido do olfato rege-se por recetores olfativos presentes na cavidade nasal. As moléculas de odores ligam-se a recetores que, imediatamente, enviam sinais ao cérebro que, por sua vez, identifica os cheiros. Contudo, a resposta do cérebro aos cheiros depende de pessoa para pessoa, pois está diretamente ligada a emoções e experiências pessoais, e também é influenciada pela genética.

A forma como os genes olfativos influenciam a perceção humana em relação a certos cheios, ainda é pouco conhecida. Por isso, e para descobrir mais sobre este curioso assunto, uma equipa de cientistas islandeses recrutou mais de 9 mil voluntários para participarem no estudo que foi publicado no Current Biology a 8 de outubro.

Segundo o New Atlas, cada um dos participantes descreveu a resposta que o seu cérebro deu a seis odores específicos: alcaçuz, canela, peixe, limão, hortelã-pimenta e banana.

Rosa Gisladottir, uma das autoras do estudo, explica que a equipa descobriu “variantes que influenciam a forma como captamos e descrevemos odores como o do peixe, alcaçuz e canela”, acrescentando que “como o nosso olfato é muito importante para a perceção do sabor, essas variantes influenciam se gostamos ou não de alimentos que os contenham”.

A mais nova variante genética descoberta está relacionada com a sensibilidade ao odor de uma molécula chamada trimetilamina (TMA). Este composto particular é fundamentalmente responsável pelo cheiro altamente familiar de peixe podre.

Descobriu-se que uma variante genética num gene do recetor olfativo chamado recetor 5, associado à amina (TAAR5), reduz significativamente a perceção negativa de TMA de uma pessoa. O estudo descobriu ainda que alguns indivíduos com a variante genética responderam positivamente ao cheiro de TMA, descrevendo-o como semelhante a “caramelo” ou “rosa”.

Gisladottir afirma que “os portadores desta variante consideram o odor do peixe menos intenso e menos desagradável”. Ao contrário da descoberta da variante genética TMA, as outras duas descobertas no estudo referem-se a variantes que aumentam a perceção do cheiro. Essas outras variantes genéticas estão associadas ao aumento da intensidade do odor da canela.

“Descobrimos uma variante comum num grupo de recetores olfativos que está associado ao aumento da sensibilidade ao transanetol, encontrado em produtos de alcaçuz preto, mas também em especiarias e plantas como semente de anis, anis estrelado e erva-doce”, explica Gisladottir.

Este tipo de pesquisa ainda está no início, mas o estudo concluiu que há uma diversidade geográfica significativa nas variantes do gene do recetor olfativo.

ZAP //

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