ADN de polvo sugere que a Antártida vai derreter. Como assim?

1

Duas populações de polvos separadas por uma enorme placa de gelo acasalaram há 125 mil anos, sugerindo que o gelo não estava lá. O mesmo pode voltar a acontecer.

Cientistas há muito que tentavam perceber se o manto de gelo da Antártida ocidental tinha colapsado no período interglacial anterior, há cerca de 125 mil anos. Enquanto a geologia falhou em dar uma resposta, a genética foi mais eficaz.

Novas análise de ADN mostram que duas populações distintas da espécie de polvo Pareledone turqueti, uma no mar de Weddell e outra no mar de Ross, acasalaram precisamente há cerca de 125 mil anos. Mas como é que é possível que duas espécies separadas por uma “parede” de gelo tenham acasalado?

A única explicação, escreve o site Big Think, é que a placa de gelo que agora separa os dois mares não existia na altura. Isto responde à pergunta dos cientistas sobre se o manto de gelo da Antártida ocidental tinha colapsado. Sim, colapsou e pode voltar a acontecer.

Se o Polo Sul algum dia descongelar completamente, a Antártida oriental manteria a sua solidez e forma, mas a Antártida ocidental fragmentar-se-ia numa espécie de arquipélago de gelo.

No período de análise dos cientistas, as temperaturas seriam semelhantes às de hoje, o que contribui para a ideia que a mesma situação pode voltar a acontecer. A única dúvida é saber quanto tempo é que a placa de gelo vai aguentar.

O novo estudo sugere que mesmo atingindo as metas do Acordo de Paris, que visa limitar o aquecimento global a 1,5°C acima do nível pré-industrial, a placa de gelo da Antártida ocidental ainda pode colapsar.

Há cerca de 125 mil anos, o nível da água do mar era cinco a dez metros mais alto do que atualmente. O derretimento do gelo da Antártida terá contribuído para a subida da água.

Os resultados do estudo foram pré-publicados, no dia 31 da janeiro, na repositório aberto BioRxiv.

Daniel Costa, ZAP //

1 Comment

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.