ADN fotógrafo: novos mapas 3D mostram a vida de dentro para fora

Qian, N., Weinstein, J.A. Spatial

Já é possível “fotografar” cada gene de um ser vivo: tudo graças ao ADN, que afinal tem dotes de paparazzi muito úteis. É um “nível de biologia que ninguém viu antes”.

A nova tecnologia desenvolvida pela Universidade de Chicago capta tanto a identidade como a localização do material genético.

A inovação funciona através do sistema de marcação de moléculas individuais de ADN ou ARN e do rastreio da interação entre as marcas vizinhas, conta a SciTechDaily.

Estas interações fazem-nos chegar verdadeiros mapas tridimensionais de organismos inteiro, por exemplo, de embriões de peixe-zebra, usados para teste pelos cientistas — as imagens são capturadas de dentro para fora.

O estudo publicado esta quinta feira na Nature usou o embrião de peixe-zebra por este ser muito comum para estudar o sistema nervoso. “É um nível de biologia que nunca ninguém viu antes“, comenta o autor Joshua Weinstein. “Ser capaz de ter este tipo de visão da natureza a partir de um espécime é estimulante”.

Neste sistema são acrescentadas às células pequenas etiquetas de sequência de ADN chamadas identificadores moleculares únicos (UMIs). Estes ligam-se a moléculas de ADN e ARN e começam a fazer cópias de si próprios.

O autor compara este sistema à localização de IP de um telemóvel. “Podemos fazer isto com telemóveis e pessoas, por que não fazê-lo com moléculas e células? “Isto vira a ideia da imagiologia do avesso. Em vez de dependermos de um aparelho ótico para iluminar, podemos utilizar a bioquímica e o ADN para formar uma rede maciça entre moléculas e codificar as suas proximidades entre si”.

Esta inovação pode ter aplicações futuras no mapeamento de um tumor, por exemplo, e na perceção da sua interação com o ambiente. Um tumor gera mutações, e através deste método esses mecanismos genéticos podem ser melhorados.

“Esta é a base fundamental para se poder dispor de informações verdadeiramente completas sobre o conjunto de células únicas no sistema linfático ou no tecido tumoral”, disse Weinstein. “Ainda existe uma grande lacuna na tecnologia que nos permite compreender o tecido idiossincrático, e é isso que estamos a tentar preencher aqui”.

ZAP //

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