A Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) atribuiu hoje os atrasos no atendimento dos serviços de urgência nas últimas semanas à carência de recursos humanos ou à aproximação de um eventual pico gripal.
“Poderá justificar-se esta situação com uma eventual fusão de serviços de urgência de grandes hospitais que têm como consequência uma menor capacidade de responder depois a um acréscimo pontual de doentes”, disse em declarações à Lusa Marta Temido, presidente da APAH.
De acordo com a presidente da Associação a falta de recursos humanos das equipas “tem de ser avaliada caso a caso”, acrescentando que as causas dos problemas de uns hospitais podem não ser as mesmas de outros.
Marta Temido disse que a reestruturação de serviços de urgência combinada com a aproximação de um eventual pico gripal pode levar a “situações muito complicadas e indesejáveis”, conduzindo “à exasperação dos profissionais – já que ninguém gosta de ter filas de doentes em espera -, mas, sobretudo à preocupação dos utentes que não veem os seus problemas a ser resolvidos com a celeridade que gostariam”.
A presidente da APAH lembrou ainda que, em janeiro, os picos de gripe fazem com que haja “anualmente situações relatadas de grande afluência às urgências e perturbação do normal funcionamento”.
“Infelizmente é uma situação à qual temos vindo a assistir com maior ou menor intensidade anualmente. Também no verão, aquando da onda de calor, também se verificou uma afluência nas urgências”, frisou.
Marta Temido sublinhou que o eventual pico gripal “ainda está para vir” devido à transmissão do vírus.
No início da semana passada, as urgências do Hospital Garcia de Orta, em Almada, registaram um afluxo anormal de pessoas aos seus serviços, mais de 30% acima do normal, assim como as urgências do Hospital de São João, no Porto, e do Hospital das Caldas da Rainha, ambos com um tempo de espera de algumas horas.
De acordo com o Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe, a atividade gripal em Portugal foi “moderada” na primeira semana deste ano, tendo conduzido a seis casos de admissão em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) nos hospitais que reportam informação para a vigilância epidemiológica da gripe.
O Boletim divulgado pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, revela que na primeira semana do ano (entre 30 de dezembro de 2013 e 05 de janeiro deste ano), a proporção de doentes admitidos em UCI foi de 7,2%, “superior ao valor estimado na semana anterior”.
/Lusa
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