O Departamento de Justiça norte-americano processou, esta terça-feira, o antigo conselheiro de segurança nacional, pedindo o adiamento da publicação de um livro que, segundo a Casa Branca, contém informações secretas.
A ação cível, que deu entrada no tribunal federal de Washington, segue-se a avisos do Presidente norte-americano, Donald Trump, de que John Bolton poderia enfrentar um “problema criminal” se não suspendesse os planos da publicação do livro.
A editora Simon & Schuster defendeu que o processo é “o último de uma longa série de esforços do Governo para anular a publicação de um livro que considera pouco lisonjeiro para o Presidente”.
Numa declaração na terça-feira, a editora garantiu que Bolton colaborou com funcionários da Casa Branca para responder às suas preocupações, afirmando que “apoiava plenamente o direito à Primeira Emenda”, que garante a liberdade de expressão.
O advogado do ex-conselheiro, Chuck Cooper, disse que Bolton trabalhou durante meses com especialistas para evitar a publicação de informações consideradas secretas, acusando a Casa Branca de utilizar a segurança nacional como pretexto para censurar o livro.
Na ação judicial, o Departamento de Justiça alegou que o ex-conselheiro não concluiu a revisão de pré-publicação para garantir que o manuscrito não contém segredos, e pediu ao tribunal federal que “incite ou solicite” o adiamento da publicação do livro, e que “recupere e elimine” os exemplares existentes.
O Departamento de Justiça argumentou que o cargo de Bolton lhe permitiu aceder a algumas das informações “mais sensíveis do Governo dos EUA” e que o manuscrito estava “cheio de informações secretas, que se propunha divulgar ao mundo”.
O livro de Bolton, intitulado “The Room Where It Happened: A White House Memoir” (“A sala onde tudo aconteceu – um livro de memórias da Casa Branca”), devia ter sido publicado em março. A data de lançamento foi adiada duas vezes e está agora prevista para a próxima semana.
De acordo com a editora, que divulgou, a 12 de junho, um excerto da obra, Bolton evoca o “caos na Casa Branca”, “o processo de tomada de decisão incoerente e desarticulado do Presidente e o seu comportamento junto dos aliados, tratados como inimigos, da China à Rússia, passando pela Ucrânia, Coreia do Norte, Irão, Reino Unido, França e Alemanha”.
Bolton trata em profundidade o chamado caso ucraniano, em que Trump pediu ao Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, para investigar a família do rival e ex-vice-Presidente Joe Biden, o que levou a um processo de destituição no Congresso, de que a maioria republicana no Senado acabou por o absolver, em fevereiro último.
Sobrinha de Trump vai revelar detalhes “lascivos”
De acordo com a revista Sábado, a sobrinha do chefe de Estado, Mary L. Trump, também se está a preparar para lançar um livro sobre o tio, no qual promete revelar detalhes “lascivos”.
A obra, intitulada “Too Much and Never Enough”, também vai ser publicada pela editora Simon & Schuster, em agosto deste ano.
A familiar, de 55 anos, é filha de Fred Trump Jr., irmão de Donald Trump que morreu, em 1981, depois de uma batalha contra o alcoolismo. Segundo a mesma publicação, Mary alega que o tio e o avô contribuíram para a morte do seu pai, alegando que este foi negligenciado pelo resto da família.
Ainda de acordo com o jornal Público, a sobrinha do republicano refere-se a ele como “o homem mais perigoso do mundo“, descrevendo “um pesadelo de traumas, relações destrutivas e uma combinação trágica de negligência e abuso” na família.
ZAP // Lusa