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Adesão da Turquia à UE em risco após bloqueio do Twitter

EUICBG / Flickr

Stefan Fule, responsável comunitário do Alargamento

Stefan Fule, responsável comunitário do Alargamento

A Comissão Europeia lamentou esta sexta-feira a decisão da Turquia de bloquear o acesso às contas do Twitter e disse que essa iniciativa “levanta dúvidas” sobre o “compromisso” da Turquia enquanto candidato à adesão à União Europeia.

O responsável comunitário do Alargamento, Stefan Fule, advertiu em comunicado que o bloqueio da rede social Twitter “levanta graves preocupações e dúvidas sobre o compromisso” de Istambul “com os valores e práticas europeias”.

No comunicado, citado pela agência Efe, lê-se que “a liberdade de expressão, um direito fundamental em qualquer sociedade democrática, inclui o direito a receber e partilhar informação e ideias sem interferências das autoridades” e que os cidadãos “devem eleger livremente o meio pelo qual querem exercer esse direito”.

A Direção de Telecomunicações da Turquia bloqueou na quinta-feira o acesso à rede social Twitter, horas depois de o primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan, ter prometido num comício eleitoral “erradicar” esta plataforma.

#oTwitterestábloqueadonaTurquia

O bloqueio efetivou-se perto da meia-noite local (22h em Lisboa), comprovou a agência noticiosa espanhola.

A situação foi, segundo a agência Efe, comentada de imediato no Twitter, onde se criou a hashtag (palavra-chave utilizada como identificação de uma situação nas redes sociais, precedida do uso do símbolo #) #TwitterisblockedinTurkey (#oTwitterestábloqueadonaTurquia, no equivalente português).

As vozes de protesto pela decisão do primeiro-ministro chegam um pouco de todo o lado, a começar no antigo parceiro da coligação de Recep Tayyip Erdogan, o Presidente Abdullah Gul, que criticou a decisão precisamente no Twitter.

“Não estou de acordo com o bloqueio das redes sociais”, escreve o chefe de Estado numa mensagem difundida nesta rede social, na qual acrescenta que, “além do mais, já foi demonstrado várias vezes que nem sequer é tecnicamente possível bloquear as plataformas como o Twitter, que são utilizadas em todo o mundo”.

Reações adversas de todos os lados

A vice-presidente da Comissão Europeia e comissária com o pelouro da Agenda Digital, Neelie Kroes, disse que a decisão “é inaceitável e vai contra os valores europeus”, sendo também “o contrário do que a Turquia nos prometeu nas últimas negociações”.

A Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) criticou também a decisão turca, considerando que as mais recentes leis de controlo da internet “são devastadoras para a liberdade de expressão e liberdade dos meios de comunicação social e prejudica o direito dos cidadãos se expressarem livremente”.

O representante da OSCE para a Liberdade dos Meios de Comunicação Social, Dunja Mijatovic, afirmou que “o Governo turco devia proteger e fomentar o discurso pluralista, tanto na internet como fora da internet, em vez de o restringir”.

“Chocante” foi a palavra escolhida pelo Governo francês para criticar o bloqueio do Twitter pelo Governo de Ancara: “Esta decisão chocante do Governo turco é contrária às liberdades de expressão e de comunicação que são princípios fundamentais”, disse o porta-voz do Governo francês, Romain Nadal.

“A Turquia devia respeitar os seus compromissos enquanto Estado candidato [à adesão à União Europeia], em particular no domínio das liberdades fundamentais, entre as quais está a liberdade de expressão”, acrescentou o responsável.

/Lusa

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