Greve dos médicos ronda os 90%. Centros de saúde paralisados, blocos fechados

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Os médicos iniciaram, esta terça-feira, uma greve nacional de três dias. Estão à espera de uma proposta concreta de revisão da grelha salarial, mas admitem que as expectativas “são muito limitadas”. A adesão à greve ronda os 90%.

A adesão à greve dos médicos do SNS ronda os 90%, nos hospitais e nos cuidados de saúde primários, segundo o Sindicato Independente dos Médicos (SIM), que convocou a paralisação.

Em declarações à Lusa, o secretário-geral do SIM, Jorge Roque da Cunha, disse que os primeiros dados indicam que a adesão chega aos 92% nos centros de saúde e aos 89% nos hospitais.

“Isto demonstra a grande insatisfação que os médicos têm tido em relação a um Governo que não apresenta propostas”, disse o responsável.

Questionado sobre a expectativa do SIM para a reunião agendada para a próxima sexta-feira com a tutela, disse que “depois de 14 meses a aguardar a formalização do processo negocial”, o sindicato espera que o ministro da Saúde apresente uma proposta formal antes do encontro.

“Aguardamos serenamente que o senhor ministro cumpra e, na quarta-feira, nos envie os documentos para que possamos, de facto, iniciar a negociação”, disse Roque da Cunha, acrescentando que as expectativas “são muito limitadas”.

“Eu sou sempre uma pessoa otimista e sempre com grande vontade de fazer acordos e evitar ao máximo, como fizemos até agora, as greves, mas a realidade confronta-se com o meu otimismo e a realidade é que ganha”, afirmou.

No Norte, centros de saúde estão paralisados

A greve dos médicos está a fazer-se sentir nos blocos operatórios de vários hospitais, nomeadamente no São João, no Porto, e em Viana do Castelo.

Várias Unidades de Saúde Familiar (USF) no Norte também estão paralisadas.

Contactadas pela agência Lusa, fontes do SIM, garantiram que está a haver uma adesão “elevadíssima”.

“No Hospital de São João só uma, em 12 salas de bloco operatório, está a funcionar. A adesão à greve no bloco operatório de Viana do Castelo é de 100%”, apontou Hugo Cadavez do SIM.

O responsável acrescentou que em Vila Real e em Vila Nova de Gaia a adesão “também está a ser muito grande”.

Hermínia Teixeira, que trabalha na USF Godinho Faria, em Matosinhos, referiu que neste centro de saúde “não está nenhum médico de família a trabalhar”, uma realidade que diz ser semelhante em muitos outros em todo o Norte.

“Na minha unidade não está nenhum médico a trabalhar neste momento. Estamos a falar de uma adesão [no total] de cerca de 90%. Na USF Vila Meã [concelho de Amarante] nenhum médico está a trabalhar, disseram-me agora”, acrescentando que no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, no que diz respeito a ambulatório, “apenas a sala de urgência está a funcionar”.

Para os dirigentes do SIM esta adesão reflete o descontentamento dos médicos, com a situação laboral e remuneratória no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

“Infelizmente fomos forçados à mais dura forma de protesto. Esta é uma greve que não queiramos fazer e tudo fizemos para evitar. Mas temos de demonstrar o nosso descontentamento, perante o que foi o resultado de uma negociação que decorreu ao longo de um ano”, disse Hugo Cadavez.

“O prazo do protocolo negocial já terminou, mas o Governo comprometeu-se a negociar quatro aspetos, mas não fez propostas objetivas e concretas”, acrescentou.

À Lusa, Hermínia Teixeira acrescentou as preocupações dos médicos de família e disse temer que a situação se agrave nos próximos dois a três anos se o Governo nada fizer.

“É cada vez mais difícil fixar os médicos de família ao SNS. O número de portugueses que está sem médico de família tem vindo a crescer. Estamos a falar de um milhão e 700 mil portugueses sem médico de família”, disse a médica.

“E, se não for possível captar os recém especialistas a ficar no SNS com melhoria do salário, este número vai engrossar. Nos próximos dois/três anos”, alertou.

Greve vai durar até quinta-feira

Os médicos iniciaram hoje uma greve nacional de três dias, para forçar o Governo a apresentar uma proposta concreta de revisão da grelha salarial, que o ministro da Saúde prometeu na segunda-feira enviar aos sindicatos.

Convocada pelo SIM, a paralisação decorre em simultâneo com uma greve dos médicos de família ao trabalho extraordinário, iniciada na segunda-feira e que terá a duração de um mês.

Na sexta-feira passada, no final de uma reunião negocial, o secretário-geral do SIM acusou o Ministério da Saúde de “não apresentar os documentos negociais”, asseverando que só iria à próxima reunião com a tutela se recebesse as propostas do Governo antecipadamente.

Na segunda-feira, o ministro da Saúde assegurou que iria apresentar uma proposta de revisão da grelha salarial aos médicos.

Manuel Pizarro lamentou o “criticismo excessivo” que tem havido sobre a forma como têm decorrido as negociações, que se iniciaram ainda em 2022, com a antecessora ministra Marta Temido, mas que resultaram, até à data, sem acordo entre as partes.

Na fase de discussão do protocolo negocial, em julho de 2022, Governo e sindicatos concordaram em incluir a grelha salarial dos médicos do Serviço Nacional de Saúde nas negociações.

ZAP // Lusa

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1 Comment

  1. Raios ……a Nação está num Estado !!!!!!!!!!!……………mas enfim para os “contentinhos” , logo que tenham os très F’s modernizados a funcionar , está tudo bem !

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