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Acusações de partidarização na Autoeuropa são “uma parvoíce”

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Mário Cruz / Lusa

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, considerou este sábado ser “uma parvoíce” as acusações da direita de que o conflito na Autoeuropa resulta de uma partidarização, recordando que a greve foi por vontade própria dos trabalhadores.

O líder do PSD, Passos Coelho, alertou na sexta-feira para que “guerras sindicais” e “razões de pequena política podem desbaratar as conquistas” da Autoeuropa, depois de os Trabalhadores Social-Democratas terem considerado que “a partidarização da conflitualidade” na Autoeuropa “é um jogo perigoso que não interessa a ninguém”.

Isso é uma parvoíce porque, ainda ontem, ouvindo Passos Coelho, fez uma deriva clara em que esqueceu este pormenor: foi por vontade própria, expressa pelos trabalhadores da Autoeuropa, que se realizou essa greve”, respondeu Jerónimo de Sousa aos jornalistas durante uma visita à Festa do Avante!, a rentrée comunista.

Para o líder do PCP, o que “é importante é que sejam respeitados os direitos dos trabalhadores e assegurada a produção e o seu desenvolvimento”.

“Os trabalhadores têm razões fundas para defender os seus horários de trabalho. Estamos a falar de um avanço civilizacional, não estamos a falar de um direito qualquer, que não pode ser incompatível com o desenvolvimento da produção e da própria empresa”, justificou.

Jerónimo de Sousa explica por isso que, se “em nome de mais competitividade e dos interesses da empresa, se sacrificam direitos fundamentais, naturalmente os trabalhadores terão que reagir a isso”.

“Nós continuamos a considerar que não há aqui nenhuma dicotomia, é possível respeitar e proteger os direitos dos trabalhadores e simultaneamente continuar a desenvolver a produção a esse nível e nessa empresa”, defendeu.

Os trabalhadores da Autoeuropa cumpriram na quarta-feira um dia de greve, a primeira paralisação por razões laborais na fábrica de automóveis da Volkswagen, em Palmela.

A greve foi marcada após a rejeição de um pré-acordo entre a administração e a Comissão de Trabalhadores, devido à obrigatoriedade de os funcionários trabalharem ao sábado, como está previsto nos novos horários de laboração contínua que serão implementados a partir do próximo mês de novembro.

Os trabalhadores alegam que, além do transtorno que a obrigatoriedade do trabalho ao sábado iria provocar nas suas vidas, a compensação financeira atribuída pela empresa é muito inferior ao que iriam receber pelo trabalho extraordinário aos sábados.

De acordo com o novo modelo de horários, cada trabalhador iria rodar nos turnos da manhã e da tarde durante seis semanas e faria o turno da madrugada em três semanas consecutivas, com uma folga fixa ao domingo e uma folga rotativa nos outros dias.

// Lusa

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