O governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) anunciaram na noite de quarta-feira um importante acordo sobre justiça, considerado decisivo para avançar para a paz entre as partes.
A leitura do comunicado do acordo foi feita na presença das delegações das duas partes, dirigidas pelo Presidente colombiano, Juan Manuel Santos, e pelo líder máximo das FARC, Rodrigo Londoño Echeverri, também conhecido como Timochenko.
O acordo prevê a criação de um tribunal especial para a paz, anunciaram em Havana representantes dos países garantes, Cuba y Noruega, das negociações que têm decorrido na capital cubana.
O Estado colombiano vai conceder uma amnistia “o mais ampla possível” aos delitos políticos, ficando de fora os crimes que na legislação colombiana estejam tipificados como sendo de lesa-humanidade, genocídio ou graves crimes de guerra.
O acordo contempla ainda a entrega das armas pelas FARC num prazo de 60 dias.
Santos já afirmou que o acordo de paz vai ser assinado no máximo “dentro de seis meses”.
Ex-presidente diz que acordo com FARC equipara sociedade civil e terrorismo
O ex-presidente colombiano Álvaro Uribe disse esta quarta-feira que o acordo anunciado entre o Governo da Colômbia e os guerrilheiros das FARC coloca em pé de igualdade “a sociedade civil e o terrorismo”.
“O Governo aceitou equiparar a sociedade civil ao terrorismo”, disse Uribe, senador do Centro Democrático, num comunicado com nove pontos em que expressa a sua posição sobre o acordo alcançado.
Uribe, antecessor de Juan Manuel Santos na presidência, considera que com este acordo “qualquer cidadão fica exposto ao risco de ter de aceitar um crime que não cometeu como condição para não ser condenado à prisão”.
“O Governo aceitou abrir aos terroristas todas as possibilidades de participação na política, sem excluir os responsáveis por atrocidades”, diz ainda.
/Lusa