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Abuso de crianças é uma “monstruosidade” e um “ato diabólico”. Papa defende “tolerância zero” na Igreja Católica

Ciro Fusco/EPA

Papa Francisco no Canadá

O Papa Francisco considerou no domingo “uma monstruosidade” e um ato “diabólico” os abusos sexuais de crianças, sustentando que é preciso combatê-los dentro da Igreja Católica.

“Quando falamos de abuso, eu diria que é preciso ter esta visão de conjunto, segundo, procurar que não se escondam as coisas, porque nalguns sectores, como na família, tende-se a ocultar, e, terceiro, agarremos [Igreja] na percentagem que nos diz respeito e vamos ao combate”, disse o Papa, em entrevista à TVI/CNN Portugal.

Na primeira parte da entrevista divulgada este domingo, sendo o restante na segunda-feira, Francisco não negou os abusos sexuais na Igreja Católica. “Não nego os abusos. Mesmo que fosse um só, é monstruoso, porque o padre e a freira têm de conduzir o menino, a menina a Deus e, ao fazerem isso, destroem-lhes a vida”, disse.

O Papa sublinhou que os abusos sexuais de crianças destroem vidas e negou que estejam relacionados com celibato na Igreja.

“O abuso é uma coisa destrutiva. Humanamente diabólica. Porque nas famílias não há celibato e também ocorre. Portanto é simplesmente a monstruosidade de um homem ou de uma mulher da Igreja, que está doente em termos psicológicos ou é malvado e usa a sua posição para sua satisfação pessoal. É diabólico”, frisou.

Para o Papa, “um sacerdote não pode continuar a ser sacerdote se for um abusador”. “Não pode. Porque é um doente ou um criminoso, não sei”, enfatizou, para depois garantir que, em relação aos casos de abusos na Igreja Católica, tem de ser imposta uma política de “tolerância zero”.

No final de julho, o atual cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, teve conhecimento de uma denúncia de abusos sexuais de menores relativa a um sacerdote do Patriarcado e chegou a encontrar-se pessoalmente com a vítima, mas não comunicou o caso às autoridades civis e manteve o padre no ativo.

Francisco abordou também a sua presença na Jornada Mundial da Juventude, no próximo ano em Portugal: “Penso ir. Vai Francisco ou João XXIV. Mas o Papa vai”.

Durante a entrevista foi pedido ao Papa uma palavra que “ponha luz e reconciliação no caminho da Igreja portuguesa, que neste momento vive um momento muito difícil, até às Jornada da Juventude”.

Ao que que respondeu: “Olhem para a janela e perguntem se a tua vida tem uma janela aberta. Se não tiverem, abram-na o quanto antes. Não tenham vistas curtas. Saibam que estamos a caminhar para o futuro e que há um caminho. Não se fechem”.

“Não se pode viver sem esperança, não se pode viver sem esse ímpeto positivo da esperança”, referiu.

O Papa afirmou ainda que o conselho que dá à Igreja portuguesa para se preparar para a Jornada Mundial da Juventude, que se realiza em agosto de 2023 em Portugal, é que “abra a janela”. “Vejam além do nariz. Olhem, abram, olhem para o horizonte. E alarguem o coração”, realçou.

ZAP // Lusa

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