Um conhecido apresentador de televisão egípcio foi absolvido das acusações de desrespeitar a religião muçulmana, num dos vários casos abertos contra ele devido às opiniões expressas no seu polémico programa “Com o Islam”, noticiou esta quarta-feira a imprensa local.
Islam al-Behiri foi absolvido por um tribunal de província de Gizé, situada junto à capital do Egito, num dos três casos existentes contra si.
No passado mês de maio, Al-Behiri foi condenado à revelia a cinco anos de prisão por insultar a religião muçulmana no seu programa, no qual abordava temas controversos como os castigos por renegar a religião, os casamentos precoces e as diferentes interpretações dos ditos e ensinamentos do profeta Maomé.
O programa, emitido na estação televisiva privada Al-Qahera wal Nas (O Cairo e a Gente), foi suspenso pelas autoridades egípcias em abril.
O apresentador deve ainda enfrentar um terceiro julgamento, pelas mesmas acusações e, segundo o jornal governamental Al Ahram, até 48 queixas foram apresentadas contra Al-Behiri por insultar a religião, crime que, na lei egípcia, é punido com entre seis meses e cinco anos de prisão.
A autoridade religiosa de referência do Islão sunita, Al Azhar, apresentou uma das queixas para que a emissão de “Com o Islam” fosse suspensa e acusou o apresentador de atacar os fundamentos do Islão.
O delito de insultar a religião costuma referir-se à religião muçulmana e esta acusação é utilizada habitualmente contra aqueles que questionam o reveem a versão tradicional e oficial do Islão, ditada neste momento pela Al Azhar e pelas autoridades egípcias.
Vários ateus e cristãos foram processados, julgados e condenados por insultar a religião nos últimos anos no Egito.
Por outro lado, a liberdade de imprensa no país deteriorou-se desde o golpe militar que depôs em julho de 2013 o Presidente islamista Mohamed Morsi.
/Lusa