O presidente da Proteção Civil dos Açores alertou que a crise sismovulcânica ainda não acabou, reforçando que a população “não deve baixar a guarda”, mantendo uma atitude tranquila, mas vigilante.
O presidente da Proteção Civil dos Açores alertou esta segunda-feira que a crise sismovulcânica na ilha de São Jorge “não acabou” e pode demorar dias ou meses, durante os quais a população deve manter “tranquilidade vigilante”.
Em declarações aos jornalistas após o briefing diário sobre a situação na ilha de São Jorge, Eduardo Faria disse que, apesar de se assistir “nos últimos dias” a um padrão da atividade sísmica mais baixo do que em dias anteriores, a população “não deve baixar a guarda” e nem deixar de ter em consideração as medidas de precaução.
“Era esta a mensagem que queria transmitir para as pessoas não pensarem que isto já acabou. Isto pode demorar um dia, uma semana, um mês ou um ano“, disse o presidente do Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores (SRPCBA).
O responsável lembrou que aquela ilha do arquipélago dos Açores se mantém com o nível de alerta vulcânico V4 (ameaça de erupção) de um total de sete, em que V0 significa “estado de repouso” e V6 “erupção em curso”.
“As pessoas deverão manter a sua normalidade em termos das atividades diárias, mas é completamente imprevisível, não podemos avançar quanto mais tempo ou se poderão reduzir as ações de prevenção”, afirmou Eduardo Faria.
Apesar da diminuição no número de sismos sentidos pela população nos últimos dias, o presidente da Proteção Civil vincou que a população deve manter uma postura de tranquilidade, mas com a vigilância e com os cuidados que é preciso ter e que as autoridades têm transmitido.
Quanto à identificação que a Proteção Civil esteve a fazer, dos portos operáveis de São Jorge para preparar para uma eventual evacuação da ilha por via marítima, devido à crise sismovulcância, o responsável adiantou que já foi dada essa “informação” ao Comando Operacional dos Açores.
Segundo Eduardo Faria, no domingo “foram feitos os restantes “reconhecimentos aéreos, que estavam previstos, através de drones tanto às fajãs como aos portos”.
“Foram identificados alguns portos utilizáveis e também alguns caminhos de circulação na eventualidade de ativação do plano de evacuação, através dos recursos da Marinha e dos drones para a eventualidade de uma evacuação por via marítima. Esta segunda-feira irá ser continuado este trabalho”, referiu.
A Proteção Civil também esteve a “analisar” as imagens captadas na zona dos Rosais para “perceber até que ponto é que há alguma fragilidade ou algum risco em termos de vertente ou de possíveis derrocadas”.
De acordo com Eduardo Faria, estas imagens vão ser agora “analisadas pelo CIVISA para avaliar as condições de estabilidade e segurança daquela zona após a vigia da Baleia”.
Questionado se há alguma decisão em termos de encerramento das fajãs, o brigadeiro-general esclareceu que “nenhuma fajã está encerrada”, embora sejam de evitar visitas permanentes aqueles locais.
“Não há nenhuma decisão em termos de encerramento ou de proibição há só uma questão de prevenção”, assinalou.
A ilha de São Jorge, nos Açores, contabilizou mais de 26.600 sismos, 226 dos quais sentidos pela população, desde o início da crise sismovulcânica a 19 de março, segundo os dados oficiais mais recentes.
O sismo mais energético desde o início da crise teve uma magnitude de 3,8 na escala de Richter.
Cerca de 2.500 pessoas já saíram do concelho das Velas, centro da crise sísmica, das quais 1.500 para outras ilhas dos Açores, e as restantes para o concelho vizinho da Calheta, considerado mais seguro pelos especialistas.
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