A última “bruxa” de Salem foi absolvida, passados 329 anos

Demorou mais de três séculos, mas a última “bruxa” de Salem foi oficialmente (e finalmente) absolvida esta quinta-feira.

Na quinta-feira, os legisladores de Massachusetts exoneraram formalmente Elizabeth Johnson Jr., limpando o seu nome 329 anos após ter sido acusada de bruxaria em 1693, e condenada à morte no auge dos Julgamentos de Bruxas de Salem.

Johnson nunca foi executada, mas também não foi oficialmente absolvida como outros acusados injustamente de bruxaria, segundo a Associated Press.

Os legisladores concordaram em reconsiderar o seu caso no ano passado, depois de uma turma de oitavo ano da Escola Secundária de North Andover ter retomado a sua causa e pesquisado as medidas legislativas necessárias para limpar o seu nome.

A legislação introduzida pela senadora estadual Diana DiZoglio, uma democrata de Methuen, foi integrada num projeto de lei orçamental e aprovada.

“Nunca conseguiremos mudar o que aconteceu a vítimas como Elizabeth mas, no mínimo, podemos corrigir o que aconteceu“, realçou DiZoglio.

Numa declaração, Carrie LaPierre, professora da North Andover — cujos alunos defenderam a legislação — elogiou os jovens por assumirem “a questão há muito esquecida da justiça para esta mulher condenada injustamente”.

“A aprovação desta legislação terá um impacto incrível na compreensão de como é importante defender as pessoas que não podem defender-se a si próprias e o quão forte é a sua voz”, indicou a docente.

Johnson é a última bruxa acusada a ser ilibada, de acordo com Witches of Massachusetts Bay, um grupo dedicado à história e à tradição da caça às bruxas do século XVII.

“Durante 300 anos, Elizabeth Johnson Jr. esteve sem voz, a sua história foi perdida com o passar do tempo”, notou Joan Lovely, Senadora de Salem,

Vinte pessoas de Salem e cidades vizinhas foram mortas, e outras centenas acusadas durante uma caça às bruxas que começou em 1692, alimentada pela superstição, medo de doenças, bodes expiatórios e até ciúmes. Dezanove foram enforcadas, e um homem foi esmagado até à morte com rochas.

Johnson tinha 22 anos quando foi apanhada no auge dos julgamentos das bruxas e condenada à forca, mas a sentença nunca chegou a acontecer

O então governador William Phips libertou-a do seu castigo, quando se começou a dar conta da magnitude das perseguições em Salem.

Três séculos depois, dezenas de suspeitos foram oficialmente ilibados, incluindo a própria mãe de Johnson, a filha de um ministro cuja condenação foi mesmo invertida.

Mas por alguma razão, o nome de Johnson não foi incluído em várias tentativas legislativas de esclarecer o registo. Como não estava entre aqueles cujas condenações foram formalmente postas de lado, a sua ainda se encontrava tecnicamente de pé. Ao contrário de outros acusados injustamente, Johnson nunca teve filhos e, portanto, não tinha descendentes para agir em seu nome.

“A história e a luta de Elizabeth continuam a ecoar muito hoje em dia”, sublinhou DiZoglio. “Embora tenhamos percorrido um longo caminho desde os horrores dos julgamentos das bruxas, as mulheres de hoje em dia ainda vêm demasiadas vezes os seus direitos postos em causa e as suas preocupações rejeitadas“.

Alice Carqueja, ZAP //

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