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A Terra continua a fazer barulhos estranhos. E continuamos sem saber o que são

ZAP // Dall-E-2

Há décadas que os cientistas estão intrigados com os sons misteriosos que emanam de várias partes da Terra — incluindo da atmosfera superior, das profundezas do oceano e do subsolo. Apesar de extensas pesquisas, as fontes desses sons permanecem desconhecidas.

Em maio deste ano, cientistas do Departamento de Energia dos EUA detetaram sons misteriosos de baixa frequência na estratosfera terrestre, usando instrumentos instalados em balões científicos.

Localizados a 50 quilómetros de altitude, estes infrassons repetem-se várias vezes por hora, a frequências inferiores aos 20 hertz, ou seja, abaixo do alcance do ouvido humano.

Estes estranhos sons, cuja origem permanece ainda por identificar, são apenas o mais recente exemplo de um fenómeno que intriga os cientistas há décadas: a Terra faz barulhos. Muitos, e de diferentes tipos.

Os sons de origem desconhecida têm sido detetados quer na atmosfera do nosso planeta, quer no subsolo e até no mar, e há séculos que são documentados.

Apesar de inúmeros avanços tecnológicos e científicos nos últimos anos, os investigadores não têm uma explicação sólida para estes fenómenos, e a controvérsia sobre a sua origem continua.

Os sons captados em maio na estratosfera repetem-se várias vezes por hora, mas a sua baixa frequência torna-os inaudíveis ao ouvido humano.

Outros sons, no entanto, podem ser claramente ouvidos — tendo sido ao longo dos tempo descritos por cientistas e testemunhas como semelhantes a trombetas estrondosas, explosões poderosas ou guinchos metálicos altos.

Recentemente, o jornalista Micah Hanks, editor-chefe e co-fundador do The Debrief, compilou vários exemplos destes sons estranhos.

Entre os sons mais peculiares estão os chamados “booms misteriosos“, que ganharam atenção significativa dos meios de comunicação e da comunidade científica, depois de mais de 600 casos terem sido documentados ao longo da costa leste dos EUA entre 1977 e 1978.

Inicialmente, os especialistas atribuíram estas explosões a testes com aviões e armas durante esse período, enquanto outras teorias sugeriram que estavam relacionadas com os voos do Concorde, o famoso avião supersónico de passageiros que dominou os ares entre 1976 e 2003.

No entanto, estas explicações não são totalmente convincentes. Segundo Gordon MacDonald, investigador que estudou a cronologia destes fenómenos, cerca de 180 destes incidentes eram provavelmente devidos a causas naturais, possivelmente relacionadas com fenómenos meteorológicos na parte alta da atmosfera.

O MIT e o Caltech investigaram outra onda de booms misteriosos no sul da Califórnia entre 1991 e 1993, com o objetivo de verificar correlações com eventos sísmicos no mesmo período.

As duas unicersidades norte-americanas concluíram que os booms provavelmente estavam relacionados com operações de aeronaves militares em alto mar, mas, no entanto, não foi encontrada correlação entre os sons e a atividade militar na região.

Na década de 1970, o físico William R. Corliss descobriu um artigo de 1819 no Edinburgh Philosophical Journal que documentava sons estranhos de rochas ao longo do rio Orinoco, que se assemelhavam à música de um órgão de tubos.

Em agosto de 1932, uma expedição francesa na Gronelândia relatou sons semelhantes, a que deram o nome de “Ton der Dove-Bai“, cujo som parecia o das sirenes que eram usados por navios antigos em condições de neblina.

Num artigo da Nature de 1934, o investigador A. Dauviller discutiu a ocorrência “booms misteriosos no gelo da Gronelândia“, que comparou ao “canto do deserto” produzido pela areia.

Há documentos históricos com registos destes sons misteriosos pelo menos desde o século II. Num desses documentos, o filósofo grego Pausânias descreve sons que lembravam tons musicais, ou as “ondas melodiosas” do mar Egeu — que  foram ouvidas desde a Floresta Negra, na Alemanha, até aos Pirenéus espanhóis.

As profundezas do oceano também abrigam sons misteriosos. Um artigo de 1870 na revista Nature descreveu um ruído reverberante, semelhante ao som das cigarras, que foi ouvido pelos passageiros de um navio no rio Dawei, em Mianmar.

Em 1883, também um artigo na revista Popular Science Monthly descreveu um zumbido musical forte atribuído ao movimento de peixes sob um navio.

Talvez todos estes sons tenham uma explicação científica (ou várias). Mas a verdade é que até agora, ainda ninguém os conseguiu explicar.

ZAP //

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