Espirrar é universal, mas também bastante único para cada um de nós. É uma ação reflexa protetora fora do nosso controlo consciente, para remover irritantes do interior do nosso nariz.
A pressão nas vias aéreas durante um espirro é mais de 30 vezes maior do que a respiração ofegante durante o exercício. As estimativas de quão rápido um espirro viaja variam de 5 metros por segundo a mais de 150 quilómetros por hora.
Às vezes, pode-se impedir um espirro segurando o nariz ou pressionando por baixo dele. Isto está relacionado com a teoria do controlo do portão da dor e a ideia de que se pode alterar respostas neurais com estímulos externos. Mas dada a velocidade de um espirro, talvez não seja boa ideia impedi-lo depois de ter começado.
Um reflexo involuntário
Um espirro é iniciado quando os nervos sensoriais no nosso nariz são estimulados por um irritante, como alergénios, vírus, bactérias ou até fluido. Os nervos sensoriais transportam então essa informação irritante para o cérebro.
Quando uma quantidade limite de sinais irritantes atinge o cérebro, o reflexo do espirro é desencadeado. Um espirro envolve primeiro uma inspiração profunda e uma acumulação de pressão dentro das vias aéreas. Isto é seguido pela contração do diafragma e dos músculos das costelas, fecho reflexo dos olhos e uma forte exalação.
Estas são as fases “ah” e “tchim” de um espirro.
Na exalação de um espirro, a língua é levantada para o teto da boca. Isto fecha a parte de trás da boca, forçando o ar principalmente através do nariz. O ar expelido pelo nariz elimina os irritantes que causaram o espirro. O som “tch” de um espirro é o toque reflexivo da língua no teto da boca.
Os nervos trigémeos
Os nervos trigémeos são os maiores dos nossos 12 pares de nervos cranianos e os maiores nervos sensoriais do corpo.
Os nervos trigémeos esquerdos e direitos transportam informações sensoriais do rosto para o cérebro. Isto inclui informações sensoriais de toque, dor e irritação da pele facial e do interior do nariz e da boca. Dentro de cada nervo trigémeo, existem milhares de ramos nervosos individuais que transportam um tipo específico de informação sensorial.
Nervos sensoriais comunicam na medula espinal
Os nervos sensoriais viajam para o cérebro através da medula espinal. Os nervos sensoriais que transportam sinais de dor e irritação são estreitos, enquanto os que transportam informações de toque são mais largos e rápidos.
Na medula espinal, estes nervos comunicam entre si através de interneurónios antes de enviarem a sua mensagem para o cérebro. Os interneurónios são os “portões” da teoria do controlo do portão da dor.
Um nervo que transporta um sinal de dor diz ao interneurónio para “abrir o portão” para que o sinal de dor alcance o cérebro. Mas os nervos maiores que transportam informações de toque podem “fechar o portão” e bloquear as mensagens de dor de chegar ao cérebro.
É por isso que esfregar uma área lesionada pode reduzir a sensação de dor.
Um estudo mostrou que estimular os nervos trigémeos movendo a mandíbula reduziu a dor dentária. Podemos observar isto em ação quando os bebés mordem instintivamente coisas ou puxam a orelha quando estão a dentar. Estas ações podem estimular os nervos trigémeos de toque e reduzir os sinais de dor através do mecanismo de controlo do portão.
Então, colocar o dedo debaixo do nariz impede um espirro?
Há muitas sugestões de como parar um espirro. Estas incluem puxar a orelha, colocar a língua no teto da boca ou na parte de trás dos dentes, tocar o nariz ou até enfiar o dedo no nariz.
Todas estas ações estimulam os nervos trigémeos de toque com o objetivo de dizer aos interneurónios para “fechar o portão”. Isto pode bloquear os sinais irritantes de chegar ao cérebro e desencadear um espirro.
Mas deve-se impedir um espirro?
E se um irritante no seu nariz tiver desencadeado uma resposta de espirro, mas está num lugar onde pode ser considerado inapropriado espirrar. Deve impedi-lo?
Fechar a boca ou o nariz durante um espirro aumenta a pressão nas vias aéreas cinco a 20 vezes mais do que um espirro normal. Sem saída, esta pressão tem de ser transmitida para outro lugar e isso pode danificar os olhos, ouvidos ou vasos sanguíneos. Embora o risco seja baixo, aneurisma cerebral, garganta rompida e pulmão colapsado foram relatados.
Por isso, o melhor é tentar prevenir o reflexo do espirro tratando alergias ou abordando irritantes. Falhando isso, aceite o seu estilo pessoal de espirro e espirre num lenço.
ZAP // The Conversation
