A origem dos Neandertais não é a que pensávamos (e o segredo está nos ouvidos)

ZAP // Erich Ferdinand / Flickr

Através do estudo dos ouvidos, cientistas questionaram a crença até agora aceite de que uma redução da diversidade genética está na origem da linhagem Neandertal.

A linhagem dos Neandertais deve-se a uma redução drástica da diversidade genética, chamada “estrangulamento” — ou seja, evoluíram de populações pré-Neandertais, há cerca de 110 mil anos. Era esta a crença até agora partilhada pela comunidade científica. Mas será mesmo assim?

Um novo estudo, publicado na Nature este mês, acredita que não. Agora, a equipa liderada por Alessandro Urciuoli analisou a parte interna do ouvido (mais propriamente a estrutura dos canais semicirculares) destes hominídeos, através de fósseis de dois sítios arqueológicos: a Sima de los Huesos, em Atapuerca, com 430 mil anos, e Krapina, na Croácia, datada de entre 130 mil e 120 mil anos atrás.

A investigação revelou que os Neandertais clássicos tinham uma diversidade morfológica significativamente menor, conta a LBV.

“Ficámos surpreendidos ao descobrir que os pré-Neandertais de Sima de los Huesos tinham um nível de diversidade morfológica semelhante ao dos primeiros Neandertais de Krapina. Este facto põe em causa a ideia comum de que ocorreu um estrangulamento na origem da linhagem Neandertal”, conta Urciuoli.

“Ao incluir fósseis de diferentes origens geográficas e cronológicas, conseguimos reconstruir a evolução dos Neandertais com maior precisão. A redução da diversidade observada entre Krapina e os Neandertais clássicos é particularmente clara e reforça a evidência de um evento de estrangulamento nessa fase”, explica outra investigadora, Mercedes Conde-Valverde.

Ou seja, ao contráriodo que se pensava, os Neandertais não sofreram uma perda da diversidade genética: mantiveram sim uma continuidade evolutiva com os antepassados pré-Neadertais.

De acordo com os cientistas, estas descobertas reescrevem a história dos Neandertais, e levantam mais questões sobre a redução da sua diversidade genética em tempos mais recentes.

O estudo mostra ainda como a análise de estruturas anatómicas, como o ouvido interno, pode fornecer informações fundamentais para o conhecimento que temos sobre os nossos antigos “irmãos”.

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