A Mona Lisa terá o seu próprio espaço de galeria no Louvre. A obra de Leonardo da Vinci ficará acessível a partir de uma entrada separada. A mudança deve-se a uma grande renovação no espaço.
Segundo o Smithsonian, na primavera passada, o museu de arte mais visitado do mundo propôs transferir a sua obra de arte mais popular para a sua própria sala subterrânea. Agora essa ideia está a tornar-se realidade.
Emmanuel Macron, presidente da França, anunciou esta semana, em frente ao icónico retrato de Leonardo do século XVI na galeria Salle des États do museu, a mudança que surge devido a uma expansão e renovação em grande escala do museu.
“O Louvre será redesenhado e restaurado para se tornar o epicentro da história da arte para o nosso país e não só”, disse Macron. As renovações destinam-se a aliviar a sobrelotação do museu — que é visitado por quase nove milhões de visitantes por ano.
O museu ganhará vários novos espaços da exposição, incluindo um sob o seu pátio mais a leste, o Cour Carrée. Esta sala acolherá a Mona Lisa, e os visitantes poderão comprar um bilhete especial para entrar nela.
Atualmente, o retrato recebe cerca de 25.000 visitantes diários, cada um com menos de um minuto para o ver.
“Todos os dias, esta mesma sala é palco de intensa agitação“, disse Laurence des Cars, diretor do Louvre. “Um número excecional de visitantes não é uma maldição, é um motivo de orgulho… é também um desafio para nos reinventarmos e permanecermos fiéis à nossa missão de serviço público”.
O anúncio surge apenas uma semana após a publicação de um memorando escrito por des Cars, no qual chama à visita ao Louvre uma “provação física”.
“O acesso às obras de arte leva tempo e nem sempre é fácil”, escreveu des Cars. “Os visitantes não têm espaço para fazer uma pausa. As opções de alimentação e as casas de banho são insuficientes em volume, ficando abaixo dos padrões internacionais. A sinalética precisa de ser completamente redesenhada”.
A renovação também incluirá a instalação de uma nova entrada no lado leste do Louvre, perto do rio Sena, para dispersar os visitantes. O projeto, previsto para estar concluído em 2031, poderá custar centenas de milhões de euros.
Macron afirmou que o projeto será pago através de donativos, royalties de licenças e receitas de bilheteira.
Construído no final do século XII, sob o reinado do rei francês Filipe II, o Louvre começou por ser uma fortaleza real.
Durante o século XVI, Francisco I demoliu a antiga fortaleza e reconstruiu-a como um palácio de estilo renascentista.
O edifício albergou a realeza até aos anos 1600, altura em que Luís XIV construiu uma nova residência para os monarcas, o Palácio de Versalhes.
No final do século XVIII, o antigo palácio tornou-se um museu público de arte — mais tarde apelidado de “o Louvre“.
A última grande renovação do edifício palaciano ocorreu na década de 1980, segundo o Washington Post. Incluiu a instalação da pirâmide de vidro do arquiteto I.M. Pei, que se ergue sobre a atual entrada do museu.
Nessa altura, o museu recebia cerca de quatro milhões de visitantes por ano. A nova entrada oriental será projetada pelo vencedor de um concurso internacional a realizar este ano.
Segundo Julien Lacaze, a presidente da associação francesa de proteção do património Sites & Monuments, o Louvre precisa de orientar melhor o fluxo de visitantes e melhorar a promoção da sua enorme seleção.
“É o maior museu do mundo“, acrescenta Lecaze, “mas os turistas só vêm para ver cinco obras de arte”.
De referir que o Louvre possui cerca de 500 mil obras de arte, das quais 30 mil estão expostas.