Os Países Baixos vão deixar, a partir deste mês, de extrair metano da jazida de gás natural de Groningen, o maior da Europa e um dos dez maiores do mundo, devido ao risco sísmico.
De acordo com a agência Efe, o Governo já tinha optado pelo desmantelamento da jazida situada no norte do país devido aos efeitos secundários provocados pelas extrações de gás que debilitaram o subsolo da região, causando vários terramotos que afetaram habitações e edifícios, ao ponto de deixar alguns deles inabitáveis.
Apesar de estar agora a operar em níveis mínimos, a jazida continha ainda 2.800 milhões de metros cúbicos de metano, uma das maiores reservas de gás da Europa.
A operação no local é gerida pela Nederlandse Aardolie Maatschappij (NAM), uma empresa conjunta entre a neerlandesa Shell e a norte-americana ExxonMobil.
Terramoto de 2021 foi “a última gota”
A controversa jazida de gás natural de Groningen – também conhecida como Slochteren, devido ao nome de uma pequena localidade nas proximidades – foi descoberta em 1959.
Em 2018, o primeiro-ministro liberal Mark Rutte, expressou o desejo do Governo dos Países Baixos de deixar de explorar gás em Groningen.
Em agosto de 2021, um terramoto de magnitude 3,6 na escala de Richter na localidade de Huizinge marcou o ponto de viragem: as autoridades já não podiam ignorar o risco sísmico provocado pela exploração de gás.
Na semana passada, o Conselho de Ministros demissionário confirmou como data final da extração o dia 1 de outubro. O fim da produção não terá qualquer impacto no abastecimento na Bélgica, de acordo com o diário belga Le Soir.
No entanto, o funcionamento da jazida poderá ser reativado de forma “temporária e limitada” no caso de uma onda de frio intenso no inverno (se se verificarem temperaturas de -6,5ºC vários dias seguidos) ou, por exemplo, no caso de uma avaria em instalações de armazenamento.
A partir de 01 de outubro de 2024 começar-se-ão a desmantelar todas as instalações, de acordo com a agência Efe.
A jazida de Groningen foi uma fonte de abastecimento chave para grande parte da Europa ocidental e teve um grande peso nas finanças públicas neerlandesas desde que começou a sua produção. Fornece gás a vários países europeus, mas a crescente necessidade de transição para fontes de energia mais sustentáveis e a pressão pública para resolver os problemas ambientais aceleraram o fim da sua exploração.
No entanto, as centenas de terramotos, com magnitudes de até 3,6 na escala de Richter, causaram danos nas redondezas, levando as autoridades a ordenar o seu fecho.
O processo de fim da extração também se fez de forma gradual, já que o encerramento radical poderia também causar um aumento dos fenómenos sísmicos.
ZAP // Lusa