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A economia da China é uma bomba-relógio?

(h) Reuters / Khanm / EPA

O presidente da China, Xi Jinping

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, descreveu a segunda maior economia do mundo como “uma bomba-relógio”. O líder chinês Xi Jinping destaca a sua “forte resiliência”. Qual das ideias está mais próxima da realidade?

A economia da China enfrenta um momento crucial, marcado por uma série de desafios que põem à prova a sua resiliência e estrutura.

O setor imobiliário, que até recentemente representava um terço da riqueza do país, vive uma crise aguda.

A desaceleração demográfica e a pandemia de COVID-19 expuseram as fragilidades do mercado chinês, levando a uma queda drástica na procura e nos preços dos imóveis.

Esta conjuntura não só empobreceu os cidadãos chineses como também agravou a situação financeira dos governos locais, altamente dependentes da venda de terrenos a conglomerados agora em crise.

Este panorama desfavorável tem impactos profundos na economia global, dado que a China é a segunda maior economia do mundo.

O Presidente dos EUA, Joe Biden, descreveu a situação económica da China como “uma bomba-relógio”. Em contrapartida, o líder chinês Xi Jinping realça a “forte resiliência” da economia.

No entanto, realça a BBC, a verdade parece estar algures num ponto intermédio.

O modelo económico chinês, sustentado durante décadas pelo foco em infraestruturas e na construção civil, está a chegar ao seu limite.

Mesmo que o crescimento da economia chinesa ainda seja invejável quando comparado com outras grandes economias, a sustentabilidade desse crescimento tem sido posta em causa.

Há uma consciência crescente de que são necessárias reformas estruturais para mudar o foco do modelo de crescimento, especialmente em direção a setores mais sustentáveis e menos dependentes da construção.

A necessidade de reformas é ainda mais evidente no desemprego juvenil, que atingiu recordes de 21,3%, e no controlo apertado que está a ser exercido sobre o setor financeiro, exemplificado pela intervenção estatal mais rigorosa em grandes corporações como a Alibaba.

Antonio Fatas, professor da INSEAD, salienta que as reformas necessárias para mudar o foco da economia exigem uma mudança de ideologia política — algo que, tendo em conta o controlo cada vez maior do Partido Comunista Chinês, parece improvável.

Neste cenário complexo, Xi Jinping tem estado a apostar em setores de ponta como inteligência artificial e tecnologias verdes para manter a China competitiva.

Enquanto alguns especialistas argumentam que a estabilidade política permite à China adotar uma visão de longo prazo, outros defendem que um sistema político autoritário não é compatível com a flexibilidade exigida por uma economia moderna.

O futuro da China permanece incerto. As medidas tomadas nos próximos anos determinarão se a economia chinesa é uma “bomba-relógio” prestes a explodir, como sugere Biden, ou um gigante adormecido com “enorme potencial”, como defende Xi.

O que é inegável é que o mundo inteiro estará atento aos desenvolvimentos que se seguirão, dado o impacto global que as decisões que são tomadas da China têm por todo o planeta.

ZAP //

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