Ryosuke Ando, The University of Tokyo

Cientistas criaram um modelo detalhado da falha que pode ajudar a evitar novas catástrofes em todo o mundo.
Península de Noto, Japão, dia de Ano Novo, 2024. Um terramoto de 7,5 na escala de Richter abalou a região, criando uma elevação do solo de até 5 metros em alguns locais, e provocando vários danos.
Desde então, geólogos têm estudado o fenómeno, para tentar perceber ao certo o que aconteceu. Os cientista usaram então simulações recém-desenvolvidas para criar um modelo detalhado da falha. Estas investigações permitem não apenas compreender este sismo, mas apoiar a criação de cenários de terramotos mais precisos e contribuir para a redução do risco de desastres no futuro.
“Durante o terremoto da Península de Noto, observamos uma elevação devastadora nalgumas áreas em comparação com outras. Neste estudo, propusemo-nos a compreender o mecanismo que controla a magnitude e a variação espacial e temporal do deslizamento da falha e a elevação da superfície do solo resultante”, disse o autor principal, Ryosuke Ando, à SciTechDaily.
O estudo, publicado em abril na Earth, Planets and Space, detetou que existiram 3 falhas principais envolvidas no terramoto. O deslocamento vertical concentrou-se perto dos traços da falha, onde a falha se desvia localmente da sua orientação horizontal geral. Isto aponta que a geometria da falha é fundamental para a forma como o terramoto afeta o terreno.
“A nossa simulação com um supercomputador permitiu a análise da geometria tridimensional da falha, que tem uma forma irregular. Revelámos que a geometria da falha controlava o processo global através das orientações relativas da falha em relação à força de compressão que atua na placa tectónica nesta região”, disse Ando.
“Ao demonstrar o potencial das simulações com modelos detalhados de geometrias de falhas, mostramos como as características do padrão de deslizamento da falha podem ser restringidas antes da ocorrência de grandes terramotos. Esperamos que esta descoberta leve à criação de um método para avaliar as características dos riscos causados por grandes terramotos futuros”, concluiu.