“Todos os indicadores têm sido absolutamente positivos” para a vice-presidente, acreditam analistas norte-americanos. Sondagens dão corrida como empatada. Espera-se campanha ao estilo de Obama.
A presumível candidata democrata Kamala Harris tem dois caminhos para a vitória nas eleições presidenciais e vai beneficiar de uma campanha curta até novembro, disseram à Lusa dois analistas norte-americanos, perante sondagens positivas para a substituta de Joe Biden.
“Ela beneficia de uma campanha curta, que terá apenas 100 dias”, explicou o professor Thomas Whalen, da Universidade de Boston. “Se o outro lado tivesse mais tempo, tentaria defini-la. Mas o lado de Trump está a ter dificuldades a tentar encontrar uma linha de ataque a Kamala Harris”.
Whalen frisou que o eleitorado americano gosta de candidatos novos e que prometem mudança e Kamala Harris encarna esse papel nesta campanha que mudou dramaticamente com a desistência de Biden.
“Tem havido um crescimento do conservadorismo e dos reacionários, mas também de mulheres no poder e participação das mulheres na política”, salientou. “Acho que ela está a navegar essa onda”.
A mais recente sondagem da Bloomberg News/Morning Consult, publicada esta terça-feira, mostra que Harris eliminou a vantagem que Donald Trump tinha nos estados críticos cujo sentido de voto pode pender para qualquer um dos lados.
A democrata está mesmo à frente em quatro destes estados “swing” – Michigan, Arizona, Wisconsin e Nevada, enquanto Trump mantém a liderança em dois – Pensilvânia e Carolina do Norte. É uma mudança significativa em relação a Biden, que estava a perder todos os estados críticos para Trump por vários pontos percentuais.
“Todos os indicadores têm sido absolutamente positivos para Kamala Harris”, resumiu a cientista política luso-americana Daniela Melo. “Começámos a ver um mover do ponteiro nos estados que já estavam fora de questão para os democratas”, indicou, referindo os números desastrosos de Biden no Arizona, Geórgia, Nevada e Carolina do Norte.
Dois caminhos para a vitória
“Kamala Harris neste momento tem dois caminhos para a vitória”, afirmou a politóloga. Um deles é ganhar na Geórgia, Nevada e Carolina do Norte, este último um estado que já não vota à esquerda desde Barack Obama.
Outro é aguentar a “parede azul” da Pensilvânia, Michigan e Wisconsin, que Biden venceu em 2020.
Na sondagem nacional da Morning Consult, Kamala Harris lidera as intenções de voto com 48%, apenas mais um ponto que os 47% de Donald Trump.
Noutras sondagens, como a do Wall Street Journal, Trump vai na frente 49%-47%. No entanto, sendo a margem de erro de 3,1%, a corrida considera-se empatada.
A dinamização do eleitorado afro-americano “tem sido nada menos que uma coisa realmente extraordinária”, caracterizou Daniela Melo, destacando também os ganhos da candidata no eleitorado jovem e entre os latinos.
“Os índices de favorabilidade dela esta semana subiram radicalmente”, lembrou. “A entrada dela mudou o campo de batalha eleitoral dos democratas pela positiva”.
O problema de Harris é ter menor alcance que Biden na classe operária branca e nos eleitores com mais de 65 anos. Para colmatar essa lacuna, os analistas antecipam que a democrata vai escolher um vice-presidente visto como mais moderado.
Tanto Melo como Whalen referem que Mark Kelly, senador do Arizona, está bem posicionado para ser escolhido, mas Harris ainda tem uns dias para tomar a decisão.
Quem já não pode voltar atrás é Donald Trump, que escolheu o senador do Ohio JD Vance para vice-presidente antes da desistência do atual Presidente.
“Eu não tenho a certeza que se Trump soubesse uma semana antes que ia defrontar Harris e não Biden teria escolhido JD Vance”, afirmou Daniela Melo. “Foi uma semana muito complicada para JD Vance, porque ele foi uma escolha muito arriscada e ainda não tinha sido testado a nível nacional”.
Plano Obama — e um trunfo que Hillary não tinha
A cientista política antecipa que Kamala Harris vai fazer uma campanha ao estilo de Barack Obama, mas sem se focar muito no caráter histórico da sua candidatura: a primeira mulher afro-americana e primeira pessoa de ascendência indiana a poder chegar à Casa Branca.
“O que vejo aqui é tentar com ela relançar a coligação Obama, não a coligação Hillary Clinton”, disse à Lusa.
Harris deverá centrar-se nas políticas e no tema forte do aborto, que Biden não conseguiu defender.
“Ela tem um trunfo que Hillary Clinton não tinha, que é não ter ‘bagagem‘”, considerou Daniela Melo, apesar de salientar que Harris tem um currículo forte como procuradora e como senadora.
Thomas Whalen frisou o mesmo aspeto, lembrando que Harris não tem o peso das políticas de Biden, por exemplo, em relação ao conflito Israel-Hamas, e apela a uma geração mais jovem que gosta da sua frontalidade.
“Ela é autêntica, algo de que os eleitores mais jovens gostam porque estão fartos das barbas grisalhas que viram ao longo dos anos”, disse à Lusa.
ZAP // Lusa
Esta escangalha-se toda a mostrar a dentuça. Muito riso, pouco siso. Trump vai metê-la num bolso.
Esta senhora não tem jeitinho para isto. Está sempre a rir. Bem se percebe o seu total armanço. A Esquerda é assim: sedenta de poder, mas governa miseravelmente.