Uma equipa de cientistas inspirou-se na carapaça do Besouro do Deserto da Namíbia para desenvolver uma solução tecnológica que previne a formação de gelo.
A investigação, cujos resultados foram publicados na Scientific Reports, foi feita com uma superfície de apenas cerca de 1 centímetro, mas os cientistas acreditam que o método pode vir a ser aplicado nos pára-brisas dos carros e em objectos de grande dimensão, como os aviões.
O método inovador de controlo e prevenção da congelação parte da ideia da combinação de padrões específicos sobrepostos em cima de uma superfície resistente à água e inspirou-se na carapaça do Besouro do Deserto da Namíbia.
Uma “ironia”, como repara o professor assistente de Engenharia Biomédica e Mecânica no Instituto Politécnico da Virgínia (EUA), Jonathan Boreyko, um dos investigadores envolvidos no estudo, frisando o detalhe de “um insecto que vive num deserto quente e seco” ter inspirado “uma descoberta sobre a congelação”.
O Besouro do Deserto da Namíbia vive em zonas onde a água escasseia, conseguindo recolher água a partir do ar, nomeadamente das gotas de orvalho, através das características únicas da sua carapaça.
Os sulcos que esta apresenta funcionam em conjunto com a sua superfície lisa, permitindo a formação de gotas de água e a sua descida até à boca do insecto.
A equipa de cientistas conseguiu replicar esses sulcos numa pastilha de silício, através de um processo conhecido como fotolitografia, criando um padrão químico que atrai as gotas de água por cima de uma superfície que as repele.
Este processo mantém as gotas separadas e em fluxo contínuo, o que atrasa ou previne por completo que o gelo se espalhe.
“Os fluídos passam de alta pressão a baixa pressão. O gelo funciona como uma bacia de humidade porque a pressão de vapor do gelo é mais baixa do que a pressão de vapor da água. A diferença de pressão faz com que o gelo cresça mas, quando desenhado adequadamente com este padrão inspirado no besouro, este mesmo efeito cria uma zona seca em vez de congelar“, refere Jonathan Boreyko.
Esta técnica pode ser muito relevante na poupança de energia e de outros custos, destaca C. Patrick Collier, outro investigador envolvido na pesquisa.
“Manter as coisas secas requer expedientes de grande energia. Por isso é que estamos a prestar mais atenção a formas de controlar a condensação e a congelação da água. Pode resultar em grandes poupanças“, salienta o cientista do Centro de Pesquisa Bredesen da Universidade do Tennessee (EUA).
SV, ZAP
ainda temos muito a aprender com a natureza,pois já faz experiencias cientificas a milhões de anos, por aquilo que designamos por seleção natural