Os filhos de Jonas Savimbi, fundador da UNITA, revelaram estar “chocados” com a forma como o pai é retratado no jogo de computador “Call of Duty”, e decidiram avançar com um processo em tribunal contra a Activision Blizzard, que edita o jogo, porque Savimbi não era o que aparece no jogo: “uma grande besta que quer matar toda a gente”.
Em causa está uma das missões de “Call of Duty: Black Ops II”, de 2012, na qual a dado momento o jogador é transportado para o Cunene e é recebido pelo falecido líder da UNITA, Jonas Savimbi.
A ação desenrola-se em 1986, no auge da guerra civil angolana. Savimbi e os guerrelheiros da UNITA ajudam o protagonista do jogo, Alex Mason, a resgatar um agente da CIA, um espião que estará nas mãos do MPLA.
Savimbi é representado no jogo “como um grande idiota que quer matar toda a gente“, quando na verdade, sustenta, foi “um líder político e estratega”, sustenta Carole Enfert, advogada da família.
Além da indemnização, um milhão de euros, os familiares exigem à empresa norte-americana a retirada desta versão do jogo, por a considerarem ofensiva para a memória do seu pai.
“Desvirtua a imagem dele, aquela não é a sua figura. diz Kassique Pena, sobrinho do fundador da UNITA, e que chegou a ser seu diretor de gabinete, “o doutor Savimbi não era assim, um bárbaro”.
“A família não revê o doutor Savimbi naquela imagem, banalizaram a sua forma de ser. Colocam-no como um homem muito agressivo, e ele não era assim. Ficamos muito chocados com isto”, diz.
Savimbi foi morto em 2002 por forças governamentais, levando ao fim da guerra civil em Angola, ao fim de quase três décadas.
Entretanto, o editor do jogo já reagiu a estas acusações.
Etienne Kowalski garante que Savimbi foi representado com uma faceta “essencialmente favorável” e “uma figura da história angolana, um chefe de guerrilha que combateu contra o MPLA, partido no poder desde 1975”.
O caso será analisado pela justiça francesa a 3 de fevereiro.