Os animais de grande porte, como os elefantes, são culpados pelo fim da floresta densa em várias áreas do mundo. Mas isso não é mau, pelo contrário pode assegurar a sobrevivência de outras espécies.
Estas conclusões são retiradas de um estudo que comparou a propagação das árvores e dos arbustos com a presença de animais de grande porte.
O estudo, publicado na PNAS, a revista da Academia das Ciêncas norte-americana, constata que a diferença entre a savana aberta e a floresta densa pode ser atribuída aos animais de grandes dimensões.
“A nossa pesquisa mostra claramente que quantos mais animais de grande porte houver na área, menos densa se torna a vegetação“, salienta o co-autor do estudo, Jens-Christian Svenning, professor no Departamento de Biociência da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, em declarações divulgadas pelo site Science Nordic.
“O tipo de vegetação é importante para os animais que vivem numa área e por isso, a presença de grandes animais tem um impacto na biodiversidade em geral“, acrescenta Svenning.
Isto deve ser levado em conta quando se gerem paisagens naturais e quando a quantidade de animais de grande porte numa área decresce devido às actividades humanas, tal como a caça ou a transformação de áreas selvagens para agricultura”, diz o investigador.
Os elefantes, em particular, têm um grande impacto na forma como a paisagem se apresenta.
“Estes grandes animais contribuem para mais de 80% da retirada de árvores e arbustos nas áreas que habitam. Por isso, os elefantes criam, muitas vezes, espaços abertos em torno deles”, explica o professor da Universidade de Aarhus.
“Mas esse processo é essencial para a sobrevivência de outras espécies“, frisa Svenning.
Algumas árvores dependem destes animais grandes para espalhar as suas sementes, pelo que a sua ausência pode afectar a sua propagação.
“Estas árvores também são, geralmente, boas a acumular CO2. Assim, o efeito da perda de animais na América do Sul pode também significar que a Amazónia absorve menos CO2 da atmosfera“, constata Svenning.
O estudo comparou ainda a forma como a natureza se apresenta hoje com a forma como seria, caso não tivesse havido influência humana, concluindo que os ecossistemas mudaram significativamente com a perda de animais de grande porte, motivada pela expansão da humanidade.
ZAP