O líder do Syriza e ex-Primeiro-Ministro grego, Alexis Tsipras, rejeitou indiretamente uma coligação com os conservadores da Nova Democracia e pediu um forte mandato para que o Governo de esquerda não se converta num “parêntesis” da história.
“O povo decidirá se o Syriza deve continuar a governar e com quem. Na realidade, o dilema será se a Grécia vai ser governada pelo Syriza ou pela Nova Democracia”, disse o líder do partido da esquerda radical, durante uma conferência de imprensa em Salónica, onde no domingo apresentou as principais prioridades do seu Governo caso vença das eleições antecipadas de 20 de setembro.
A apenas duas semanas do escrutínio, as sondagens têm indicado um “empate técnico” entre o Syriza e a principal força da oposição na Grécia, mas Tsipras decidiu desta forma rejeitar, de forma indireta, a oferta do líder da ND, Vangelis Meimarakis, de formar uma grande coligação para “garantir a permanência” do país na zona euro.
“O primeiro memorando obrigou a medidas de ajustamento de 17 mil milhões de euros ao ano; o segundo, de 9,8 mil milhões ao ano, e o nosso programa é de apenas 2,9 mil milhões anuais”, disse Tsipras, ao recordar que o primeiro foi firmado pelo Governo do Movimento Socialista Pan-Helénico (Pasok) e o segundo pelos conservadores da Nova Democracia.
“Temos o nosso programa, reivindicamos a maioria absoluta. Se não a conseguirmos, o país terá um Governo, porque ninguém tomará a responsabilidade de convocar novas eleições”, disse.
Na sua perspetiva, as diferenças entre o Syriza e a Nova Democracia são tão significativas “como o dia e a noite”, apesar de o líder dos conservadores, Vangelis Meimarakis, “tentar criar um cenário em que todos são parecidos”.
“Devemos deixar para trás as práticas políticas do passado e avançar em direção ao futuro”, disse o líder do Syriza, para precisar a necessidade de pôr termo ao “clientelismo e à corrupção” que assinalaram a prática dos anteriores governos.
Tsipras assinalou como uma “diferença fundamental” entre o Syriza e a ND a “abertura do debate” sobre a renegociação da dívida, além da abordagem às dívidas de longo prazo, a proteção dos salários mais baixos ou do restabelecimento dos contratos coletivos de trabalho.
O ex-Primeiro-Ministro assinalou ainda como outra diferença essencial a assinatura pelo anterior executivo do Syriza, que governou e coligação com um pequeno partido da direita soberanista entre janeiro e agosto, a assinatura de um acordo “após ter negociado com firmeza” e que permitirá relançar a economia devido, entre outras medidas, aos 35 mil milhões do denominado plano Juncker.
/Lusa