Apesar de ser a língua da internet, o sarcasmo não é reconhecido como uma forma sofisticada de inteligência ou um estilo de conversação para se fazer amigos.
Com origem no grego e no latim, o sarcasmo tem sido chamado de “hostilidade disfarçada de humor”, ou seja, um discurso carregado de desprezo que é melhor evitar.
Mas um estudo recente, conduzido pelos investigadores Francesca Gino, da Escola de Negócios de Harvard, Adam Galinsky, da Escola de Negócios de Columbia, e Li Huang, da escola de negócios francesa INSEAD, concluiu que o sarcasmo é muito mais subtil do que pode parecer, e realmente oferece alguns benefícios importantes e ignorados, benefícios esses psicológicos, criativos e organizacionais.
Para criar ou descodificar o sarcasmo, tanto o emissor quanto o receptor da mensagem precisam de superar a contradição entre os significados literais e reais das expressões sarcásticas, ou seja, a distância psicológica entre os dois significados.
Ao que os estudos indicam, este é um processo que activa a abstracção, que por sua vez promove o pensamento criativo.
Os praticantes de sarcasmo há muito tempo que sabiam intuitivamente que a sua prática proporciona uma “ginástica mental” que exige processos cognitivos superiores – mas isso não tinha ficado claro até agora.
O estudo do sarcasmo
Segundo os resultados do estudo, publicado na Organizational Behavior and Human Decision Processes, o sarcasmo activa a criatividade tanto de quem fala quanto de quem o ouve, desde que a pessoa entenda que determinada mensagem é, de facto, um sarcasmo.
Pela primeira vez, a ciência foi agora capaz de demonstrar esses benefícios cognitivos.
Além disso, também pela primeira vez, um estudo científico postulou e conseguiu mostrar que o sarcasmo é melhor utilizado entre as pessoas que têm uma relação de confiança entre si.
Para efeito do estudo, um grupo de participantes foi dividido aleatoriamente.
Como parte de uma conversa simulada, expressaram algo sarcástico ou sincero, e receberam uma resposta sarcástica ou sincera, ou uma neutra.
Os que usaram ou receberam sarcasmo tiveram, posteriormente, melhor desempenho em tarefas de criatividade do que aqueles que optaram pela sinceridade ou por posições neutras.
Isto sugere que o sarcasmo tem o potencial de catalisar a criatividade em todos.
No entanto, a pesquisa não explorou a possibilidade de as pessoas naturalmente criativas serem mais propensas a usar o sarcasmo, o que faria com que o sarcasmo seja na realidade o resultado da criatividade e não a sua consequência.
Os sarcásticos entendem
Se sarcasmo entre amigos é saudável, fazê-lo no trabalho ou em outras situações sociais pode ser um pouco perigoso.
Isso acontece porque o sarcasmo é um estilo de comunicação que pode facilmente levar a mal entendidos e confusões ou, se for um pouco mais fino, a egos magoados.
Mas, dizem os investigadores, se as pessoas envolvidas no sarcasmo partilham uma relação de confiança mútua, há menos probabilidade de magoar os sentimentos.
Enquanto a maioria dos estudos anteriores parecia sugerir que o sarcasmo é prejudicial a uma comunicação eficaz, porque é percebido como um desprezo à sinceridade, este estudo descobriu que o contrário pode ocorrer.
Entre amigos, descobriram os cientistas, o sarcasmo não gera mais do que algumas boas gargalhadas.
Estes cientistas são mesmo uns génios.
// HypeScience
Sarcasmo, ironia, motejo, cinismo, inteligentemente aplicados, são base humurada nas relações até de afecto em que não se desculpa apenas porque à partida se está desculpado…
(INCONTINÊNCIA) – “O volume não se nota! O elástico da fralda é que é tão forte que te dá um olhar de “tigreza” comprometida e isso é comigo… Vá a ópera não espera… Olha põe uma ar laroca, lembra-te do tigre de ontem à noite!”
(GORDA) – Querida é dos bichinhos do guarda-fatos! Vão encolhendo a roupa!”