Novas imagens a cores da sonda New Horizons mostram duas faces muito diferentes do misterioso planeta anão, uma destas com uma série de manchas intrigantes ao longo do equador, uniformemente espaçadas. Cada uma das manchas mede cerca de 480 km em diâmetro.
Os cientistas ainda não viram nada parecido com estas manchas escuras; a sua presença tem despertado o interesse da equipa científica da New Horizons, devido à notável consistência do seu espaçamento e tamanho. Apesar da origem das manchas permanecer, por enquanto, um mistério, a resposta poderá ser revelada à medida que a sonda continua a aproximar-se de Plutão.
“É um verdadeiro quebra-cabeças – não sabemos o que são, mas estamos ansiosos por descobrir,” afirma Alan Stern, investigador principal da New Horizons e do Instituto de Pesquisa do Sudoeste em Boulder, Colorado. “Também intrigante é a dramática diferença nas cores e aparência de Plutão em relação à sua lua mais escura e cinzenta, Caronte.”
Os membros da equipa da New Horizons combinaram imagens a preto-e-branco de Plutão e Caronte, obtidas pelo instrumento LORRI (Long-Range Reconnaissance Imager) da sonda, com dados de cor e de baixa-resolução do instrumento Ralph para produzir estas imagens. Vemos o planeta e a sua maior lua aproximadamente em cores reais, isto é, como apareceriam se estivéssemos a bordo da New Horizons.
Caminho até Plutão parece seguro
Os cientistas da missão têm usado o instrumento LORRI para procurar perigos, como pequenas luas, anéis ou poeira, desde meados de maio. A decisão de manter a sonda no seu percurso original ou adotar uma outra trajetória mais segura, teve que ser tomada esta semana, pois a última oportunidade para manobrar a New Horizons até uma trajetória alternativa termina dia 4 de julho.
“A não descoberta de luas novas ou de anéis é um pouco surpreendente para a maioria de nós“, afirma Alan Stern, investigador principal da sonda. “Mas, por causa disso, não precisamos desviar-nos de potenciais perigos. Estamos prontos para as melhores trajetórias planeadas do encontro com Plutão.”
“Alice” treina para observações do nascer e pôr-do-Sol na atmosfera de Plutão
A New Horizons fez uma observação crítica em preparação para as observações da ténue atmosfera de Plutão. Apenas algumas horas após o fly by por Plutão no dia 14 de julho, a sonda observará luz solar a passar pela atmosfera do planeta anão, a fim de ajudar os cientistas a determinar a composição da atmosfera.
“Vai ser como se a parte de trás de Plutão ficasse iluminada por uma lâmpada de um bilião de watts,” afirma Randy Gladstone, cientista da New Horizons e do Instituto de Pesquisa do Sudoeste.
No dia 16 de junho, o espectrógrafo Alice realizou com sucesso uma observação de teste do Sol, a cerca de 5 mil milhões de quilómetros de distância, que será usada para interpretar as observações de 14 de julho.
Metano em Plutão
Sim, há metano em Plutão – mas não, não vem das vacas. O espectrómetro infravermelho a bordo da sonda New Horizons da NASA detetou metano gelado à superfície de Plutão; os astrónomos, cá na Terra, detetaram pela primeira vez o elemento químico em Plutão em 1976.
“Nós já sabíamos que havia metano em Plutão, mas estas são as nossas primeiras deteções,” afirma Will Grundy, da equipa da New Horizons e do Observatório Lowell em Flagstaff, no estado americano do Arizona. “Em breve vamos saber se existem diferenças na presença de metano gelado nos vários locais do planeta.”
O metano (fórmula química CH4) é um gás inodoro e incolor que está presente no subsolo e na atmosfera da Terra. Em Plutão, o metano pode ser primordial, herdado da nebulosa solar a partir da qual o Sistema Solar se formou há 4,5 mil milhões de anos atrás.
O metano foi originalmente detetado à superfície de Plutão por uma equipa de astrónomos liderados por Dale Cruikshank, atualmente da equipa New Horizons e do Centro de Pesquisa Ames da NASA em Mountain View, Califórnia.
Instrumentos preparam a busca de nuvens na atmosfera de Plutão
Se Plutão tem nuvens, a New Horizons conseguirá detetá-las. Tanto o LORRI como o Ralph serão usados para procurar nuvens na face de Plutão durante a aproximação e partida do planeta.
“Estaremos à procura de nuvens nas nossas imagens, utilizando uma série de técnicas,” afirma Kelsi Singer, da equipa científica e do Instituto de Pesquisa do Sudoeste. “Se encontrarmos nuvens, a sua presença permitir-nos-á determinar as velocidades e direções dos ventos de Plutão.”
O instrumento PEPSSI (Pluto Energetic Particle Spectrometer Science Investigation) a bordo da New Horizons está a enviar dados diariamente enquanto estuda o ambiente espacial perto de Plutão.
O PEPSSI está desenhado para detetar iões (átomos que perderam ou ganharam um ou mais eletrões) que escaparam da atmosfera de Plutão. À medida que fogem, estes átomos ficam presos no vento solar, o fluxo de partículas subatómicas emanado pelo Sol. A função do PEPSSI é informar os cientistas acerca da composição do escape atmosférico de Plutão e a sua velocidade.
A New Horizons está agora a menos de 15 milhões de quilómetros do sistema de Plutão. Está de boa saúde e todos os sistemas estão a operar normalmente.