Uma equipa internacional de cientistas identificou um novo e “potente” composto contra a malária, com um inédito mecanismo de ação.
O composto foi testado com sucesso em ratinhos e pode levar à criação de um medicamento contra a malária de dose única e a um custo inferior a um euro.
De acordo com o estudo publicado esta quinta-feira na revista Nature, um novo composto, designado pelos investigadores de ‘DDD107498‘, é capaz de atuar em distintas fases do ciclo de vida do Plasmodium falciparum, o parasita da malária.
A investigação está a ser liderada por Ian Gilbert, da Universidade de Dundee, no Reino Unido, com a participação de investigadores espanhóis, norte-americanos, australianos, suíços e holandeses.
O parasita da malária desenvolveu múltiplas resistências aos medicamentos e também começou a ser resistente ao atual medicamento recomendado pela Organização Mundial de Saúde, segundo os autores do estudo.
Segundo Francisco Javier Gamo, diretor da Unidade de Malária de GlaxoSmithKline, a novidade do composto é que é “muito potente e a sua principal característica é ser capaz de atuar nas distintas fases da vida do parasita, incluindo na transmissão da doença”.
O novo composto atua na fase hepática e na fase de reprodução do parasita.
Quando o mosquito portador do parasita pica uma pessoa, partes do parasita dirigem-se para o fígado, órgão onde começa a infeção.
Do fígado, o parasita multiplica-se e é capaz de proliferar de modo a que cada pessoa produza 10 mil novos parasitas.
“Se esta multiplicação não é controlada pode levar ao colapso dos vasos sanguíneos e as pessoas podem morrer”, detalhou o investigador.
O novo composto, acrescentou, evita também a transmissão do parasita a outro mosquito, que depois poderá picar outro ser humano.
O próximo passo da investigação, já a decorrer, é desenvolver um pré-clínico, uma fase em que vai experimentar a toxicidade do composto em humanos e a sua segurança.
Os autores do estudo consideram também que o futuro medicamento custará menos de um euro por tratamento, o que é importante porque a maioria das pessoas com malária vivem na pobreza.
/Lusa