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O Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, o Primeiro-Ministro britânico Keir Starmer e o Presidente francês Emmanuel Macron
Macron garantiu que 26 países, na maioria europeus, comprometeram-se com uma “força de segurança” em caso de um acordo de paz no conflito da Ucrânia. No entanto, não deu pormenores sobre outros países ou capacidades militares disponibilizadas; e as dúvidas aumentam.
França e Reino Unido têm liderado, desde fevereiro, a Coligação dos Dispostos, através de várias reuniões com ministros e chefes de Estado de um conjunto de aliados de Kiev.
26 dos 35 países da Coligação ofereceram uma “força de segurança” em caso de acordo de paz na Ucrânia. No entanto, não há ainda informação sobre que países são esses, nem a contribuição que cada um dará.
Emmanuel Macron disse apenas estão prontos para prestar garantias de segurança às autoridades da Ucrânia, estando “presentes em terra, no mar ou no ar”.
Esta força “não tem intenção nem objetivo de travar qualquer guerra contra a Rússia”, frisou o presidente francês, garantindo que os EUA foram também “muito claros” sobre a sua disponibilidade para participar no apoio à decisão hoje tomada pelo grupo de aliados de Kiev.
“Não há dúvida sobre isso”, declarou Emmanuel Macron, remetendo, no entanto, detalhes sobre o “apoio americano” para os próximos dias.
Mas a cautela dos EUA não é a única que está a despertar atenção. Quarta-feira, o chanceler alemão, Friedrich Merz já se tinha demarcado de Ursula von der Leyen sobre as garantias de segurança.
O líder alemão defendeu que eventuais garantias de segurança à Ucrânia deverão ser enquadrados apenas pela chamada Coligação dos Dispostos e não pela União Europeia (UE), como havia sugerido a presidente da Comissão Europeia.
De facto, a Alemanha sinalizou a disponibilidade para financiar e treinar as forças militares ucranianas. No entanto, não se compromete ainda com envio de tropas para aquele território, adiando esta decisão até que os detalhes de um acordo de paz sejam mais claros, nomeadamente no que diz respeito ao envolvimento dos EUA.
“A garantia de segurança mais importante que podemos oferecer agora é o apoio suficiente aos esforços da Ucrânia para defender o país. E sabemos que devemos continuar, mesmo para além de possíveis negociações de cessar-fogo e de paz, porque a Ucrânia precisa de estar preparada para defender o país a longo prazo, e queremos ajudá-la”, afirmou Friedrich Merz, na quarta-feira.
“Quando digo ‘nós’, refiro-me sobretudo à Coligação dos Dispostos”, precisou, argumentando que “a UE desempenha certamente um papel”, mas, no que toca a apoio militar, este “é do domínio exclusivo dos Estados-membros e dos restantes países envolvidos”.
Merz citou o exemplo do Reino Unido, que já não é membro da União Europeia, mas está no círculo dos países que lideram a Coligação dos Dispostos.
Aliás, Macron copresidiu com o primeiro-ministro britânico, Keith Starmer, à reunião desta quinta-feira.
Na sessão, o presidente francês explicou que esta “força de segurança” não pretende que haja destacamentos presentes na linha da frente, mas sim “prevenir qualquer nova grande agressão” por parte da Rússia e garantir “uma segurança duradoura da Ucrânia”.
Sem entrar em pormenores, Macron observou que os membros da Coligação dos Dispostos confirmaram “o que estavam disponíveis a fazer, cada um no seu papel, complementando-se” nas garantias de segurança, que são exigidas por Kiev como condição para um acordo de paz com Moscovo.
“Agora, vamos dar continuidade a este trabalho. Nos próximos dias, vamos finalizá-lo com os Estados Unidos para obter detalhes sobre o apoio que prestam, desde a monitorização ao cessar-fogo e a todas estas linhas de segurança”, prosseguiu o chefe de Estado francês.
Mas enquanto os detalhes sobre o apoios dos EUA ainda são uma incógnita, Itália já tem, pelo menos, uma posição definida. Georgia Meloni afastou o envio de tropas italianas para a Ucrânia.
O documento clarifica que a Itália poderá, sim, apoiar “um possível cessar-fogo através de iniciativas de monitorização e formação fora das fronteiras da Ucrânia”.
Após a reunião, Macron e o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, que também esteve presente em Paris, e vários outros líderes da coligação tiveram uma conversa com o presidente norte-americano, Donald Trump.
Miguel Esteves, ZAP // Lusa