Durante os períodos mais secos, as árvores urbanas sobrevivem melhor do que aquelas que estão em campos ou parques. Um estudo revelou que os canos de água com fugas são a razão para a sua resistência.
Água do cano? Quem nunca? Quando a sede é muita, até as árvores se “mandam” a ela.
Uma equipa liderada por André Poirier, professor da Universidade do Quebeque em Montreal (Canadá), apresentou, em julho, na conferência de geoquímica Goldschmidt em Praga, um estudo onde revelou que as árvores das cidades são mais resistentes à seca do que aquelas em parques porque estão a beber de uma fonte de água invulgar: canos com fugas.
Após longos períodos com pouca chuva, níveis de água e fluxo de seiva tendem a diminuir mais em árvores a crescer em parques comparadas com aquelas em ruas. Mas, até então, não estava claro porquê.
Para investigar este fenómeno, a equipa recolheu amostras de tronco de árvores bordo-da-noruega e bordo-prateado (Acer platanoides e Acer saccharinum) em parques e ruas em dois bairros de Montreal.
Como detalha a New Scientist, goram medidos os níveis de vários isótopos de chumbo – versões atomicamente distintas do metal que podem indicar origens únicas – e depois ligaram os níveis de isótopos à história recente das árvores contando os anéis do tronco.
Enquanto as árvores do parque continham isótopos de chumbo normalmente associados com poluição do ar, as árvores de rua tinham isótopos encontrados em canos de água de chumbo, que eram feitos com metal de depósitos geologicamente antigos em minas próximas.
As árvores analisadas precisam de consumir cerca de 50 litros de água por dia. Como árvores de rua não conseguem obter muito disto da água da chuva, que cai em betão e escorre para os esgotos da cidade, Poirier teoriza que a explicação mais provável é que a água venha mesmo dos canos com fugas de Montreal, que perdem 500 milhões de litros de água por dia.