“Não vamos estar vivos”. Alunos deixam universidades de topo para combater a super-IA

ZAP // NightCafe Studio

Estudantes de universidades de elite nos Estados Unidos, como o MIT e Harvard, estão a abandonar os estudos para trabalhar a tempo inteiro para evitar que a Inteligência Artificial Geral — a IA que vai ultrapassar a inteligência dos humanos — se volte contra a Humanidade.

Numa altura em que muitos estudantes universitários estão a desistir dos cursos para se juntarem a startups de IA, uma antiga estudante do MIT diz que abandonou o curso porque tem medo de que algo catastrófico aconteça: que a IA super-humana venha a eliminar completamente a raça humana.

“Preocupava-me poder não estar viva para me formar devido à Inteligência Artificial Geral”, diz Alice Blair, que se matriculou no MIT em 2023, numa reportagem da Forbes.

“Penso que na grande maioria dos cenários, devido à forma como estamos a trabalhar em direção à AGI, o resultado é a extinção humana“, diz.

Blair trabalha agora na organização sem fins lucrativos Center for AI Safety, e não tem planos de regressar ao MIT. Esperava conhecer outras pessoas interessadas em tornar a IA segura, mas, aparentemente ficou desiludida. “Prevejo que o meu futuro está no mundo real”.

Também Nikola Jurković, um ex-aluno de Harvard, tem uma visão sombria sobre o seu futuro. “Se a tua carreira vai ser automatizada até ao final da década, então cada ano passado na universidade é um ano subtraído à tua curta carreira“.

“Pessoalmente penso que a AGI está talvez a quatro anos de distância e a automação completa da economia talvez a cinco ou seis”, antevê Jurković.

Blair e Jurković não são os únicos estudantes com medo do impacto potencialmente devastador que a IA terá no futuro da humanidade se esta se tornar senciente e decidir que as pessoas dão mais trabalho do que realmente valem.

De acordo com um relatório do Departamento de Estado dos EUA divulgado em 2024, o governo dos EUA deve agir “de forma rápida e decisiva” para evitar riscos substanciais para a segurança nacional decorrentes da IA, que podem, no pior dos casos, causar uma “ameaça de extinção à espécie humana”.

Muitos especialistas são céticos, contudo, de que estejamos perto de construir um modelo de IA tão poderoso, e apontam para sinais recentes de que as melhorias na tecnologia estão a atingir um patamar.

É extremamente improvável que a AGI surja nos próximos cinco anos”, diz Gary Marcus, um investigador de IA e crítico declarado da indústria, à Forbes. “É apenas marketing para fingir o contrário, quando tantos problemas centrais, como as alucinações e os erros de raciocínio permanecem por resolver”.

E embora haja formas muito concretas de a Inteligência Artificial poder causar danos, a ideia de extinção total é um pouco rebuscada, diz Marcus. Muito antes disso, temos que nos preocupar com o impacto da IA nos nossos empregos e no ambiente.

Na verdade, a indústria de IA tem interesse em que se acredite na profecia do fim do mundo da IA, que cria a ideia de que a tecnologia é muito mais capaz do que atualmente é — e lhe permite controlar a narrativa sobre a forma como a tecnologia deve ser regulamentada.

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