Cada vez mais casais marcam férias dispendiosas (que muitas vezes não podem pagar) numa derradeira tentativa de salvar o seu relacionamento. Infelizmente, os problemas que o casal tinha em casa vão de férias — e regressam — com eles.
Segundo um inquérito recentemente realizado pela Casinos Analyzer nos EUA, quase metade dos adultos está a marcar viagens caras como última tentativa para salvar relações em dificuldades.
Estas férias de “tudo ou nada” representam uma tendência crescente, em que os casais acreditam que uma mudança de cenário pode, de forma quase mágica, resolver problemas profundos na relação.
O fenómeno parece ser alimentado pela pressão das redes sociais e pela constante comparação com os “momentos perfeitos” que outros partilham.
Ao verem escapadinhas românticas ou gestos elaborados de amigos online, muitos sentem-se diminuídos e acabam por marcar viagens caras que, frequentemente, não têm capacidade financeira para pagar.
No entanto, os casais regressam frequentemente destas viagens ‘milagrosas’ “ainda mais ressentidos do que antes”, afirma Jaime Bronstein, terapeuta de relações com mais de 20 anos de experiência, citado pela Vice.
“Gastaram dinheiro que não podiam gastar, criaram expectativas impossíveis de cumprir e regressam aos mesmos problemas — agora agravados pelo stress financeiro”, salienta Bronstein.
O inquérito revela dados preocupantes sobre as prioridades nas relações. Uma em cada três pessoas admitiu permanecer numa relação tóxica ou em declínio apenas para aproveitar férias já marcadas, preferindo uma escapadinha temporária ao bem-estar mental.
Especialistas alertam que estas “curas” de férias raramente resultam. Os problemas que atormentam o casal em casa acabam por acompanhá-los na viagem e persistem quando regressam à rotina diária.
“As férias não são terapia, e tratá-las como solução para os nossos problemas é um dos maiores erros que um casal pode cometer”, sublinha Bronstein. “Quando os verdadeiros problemas regressam convosco, o impacto e a desilusão são ainda maiores”.
Muitos casais estão a gastar as últimas poupanças nestas tentativas desesperadas, criando mais pressão financeira e, consequentemente, mais tensão na relação.
O efeito de “paraíso temporário” que um destino bonito proporciona pode mascarar problemas durante algum tempo, mas não resolve questões fundamentais de compatibilidade ou de comunicação.
“Perante dificuldades na relação, os casais devem antes investir em sessões de terapia profissional — em vez de viagens dispendiosas”, conclui Bronstein.
